16/10/2020 às 19h25min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h23min

Toda a cidade de São Paulo ganha com a luta dos moradores do Butantã pela preservação do bairro

O distrito do Butantã é efetivamente privilegiado, tanto no aspecto da natureza quanto na questão da mobilização dos moradores. As inúmeras entidades existentes, constituídas para defender o patrimônio do bairro, estão conscientes das riquezas naturais e históricas. Afinal, numa área de 55km2 existem 520 praças e 8 grandes parques, onde vivem 650 mil pessoas. Atualmente a região apresenta acentuado adensamento com a construção de habitações próximas a Linha Amarela do Metrô, mantendo atentas as sociedades do bairro. O Parque da Fonte, uma área que fica próxima ao Morro do Querosene, entre a Rodovia Raposo Tavares e a Av. Corifeu de Azevedo Marques, tem recebido toda a atenção dos moradores com o objetivo de preservar o local. A Prefeitura pretende municipalizar o terreno, e através da Secretaria do Verde e Meio Ambiente enfrenta uma disputa judicial, e aguarda decisão da justiça sobre imissão de posse da área destinada ao Parque da Fonte. Ao mesmo tempo invasores clandestinos, que já começaram a se infiltrar, e construtoras que desejam construir dezenas de prédios, também querem usufruir da área. O terreno do Parque já foi declarado de Utilidade Pública pela Prefeitura. Em seguida houve o tombamento da Fonte. O impasse está entre a Prefeitura e os proprietários na definição do preço, na medida em que os R$ 5 milhões originais segundo a Prefeitura se transformaram em R$ 2 milhões pelas dívidas então existentes. Detalhe importante é que esta área é classificada pelo Zoneamento como ZEPAM, ou seja, área de preservação ambiental. Tudo indica que a definição  deste processo iniciado em 2011 deverá ocorrer proximamente. Se não pela tradicional lentidão nas tramitações judiciais, talvez pela movimentação dos invasores clandestinos e das construtoras. Daí que a Veja SP, no dia 7 de outubro, em artigo assinado por seu redator chefe, Raul Lores, publicou reportagem sobre os moradores do Butantã que estão querendo mais um parque: “Cobrança por mais um parque no Butantã: os privilegiados querem mais” A matéria é surpreendente. A saber: – Ao querer demonstrar que o bairro é pouco populoso, se serve de dados errados. Ou seja, o distrito de Butantã tem 11.818 habitantes por km2, e não 4.320. O cálculo correto é: 650.000hab/55km2, em vez de  4.000hab/12,5km2 – Não cabe aos moradores distribuir verbas da Prefeitura, cabe sim a eles preservar o meio ambiente e lutar pela melhor qualidade de vida, e se o Butantã tem áreas verdes é porque soube mantê-las. – Quanto mais houver áreas verdes melhor para a cidade como um todo, embora a cada Zoneamento as áreas atacadas pelos agentes imobiliários são justamente as remanescentes. Veja o que está acontecendo na Av. Morumbi transformada em ZCOR3. – É impossível transportar recursos naturais de um bairro para outro, além do que é imprescindível preservar os existentes, se possível dando acesso a toda população. Por exemplo: todos da cidade podem visitar o Instituto Butantã ou a Cidade Universitária (ao menos deveriam). – Atacar, duvidar e debochar de hipóteses históricas da região é de mau gosto, principalmente para quem estudou arquitetura e urbanismo e já viveu em Pequim, Nova York, Washington. Vale a pena visitar o Butantã, antes que preconceitos ocorram; há também a Casa de Vidro, Casa da Fazenda, Fundação Oscar Americano, Palácio dos Bandeirantes, Estádio do Morumbi, do arquiteto Artigas, etc. Se o leitor tiver interesse em acompanhar a vida no Butantã, veja o Jornal do Butantã, de quem recorri para as informações deste artigo. Reforçando com uma conversa com o redator chefe Wilson Doninni. N.E: Ouça a reportagem sobre o Distrito do Butantã da série “Giro pelas 32”, parceria da rádio CBN e do site 32xSP Carlos Magno Gibrail é consultor, autor do livro “Arquitetura do Varejo”, mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.


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