01/10/2020 às 22h11min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h24min

Arquiteto Nadir Mezerani opina sobre reurbanização do Vale do Anhangabaú

Segundo a Prefeitura de São Paulo, o projeto de reurbanização do Vale do Anhangabaú busca a construção de um conceito que permita transformar a região em uma área animada, segura e atraente em direção ao “direito à cidade, princípio que norteia o desenvolvimento das políticas urbanas municipais em busca da renovação das formas de uso destes importantes espaços”. Em entrevista ao Grupo 1 de Jornais, o arquiteto Nadir Mezerani esclarece os pontos principais da obra. Grupo 1 de Jornais - A população está plenamente ciente dos acontecimentos sobre a reforma do Vale do Anhangabaú? Nadir Mezerani - Ninguém entende a reforma do Anhangabaú. Na maioria dos países do mundo seria “surrealismo” e, aqui, a maioria não está ciente. Conheci o “projeto básico” em 2018 e visitei as obras no início deste mês de setembro, antes que fosse inaugurada. Devemos lembrar que a cidade não nasce espontaneamente, nem tem vida abruptamente. Seu mecanismo de criação e crescimento é um processo complexo, com dinâmica específica, envolve ciências sociais e técnicas e depende do tempo e da natureza. O Vale do Anhangabaú, por exemplo, acompanhou os estágios da cidade, século a século. Já abrigou interconexões de ônibus, já recebeu desfiles em datas nacionais históricas, como 7 de setembro, e estadual, como o de 9 de julho, além de muitos outros eventos. Hoje, ainda “abriga ” os pobres. Grupo 1 - O Anhangabaú deveria ser reurbanizado? Por que tanta polêmica? NM - Considero que a questão maior se concentra na forma de procedimento da Prefeitura diante de um objetivo. Não tenho conhecimento que houve um relatório com critério cientifico, pós uso da obra executada, que concluísse pela alteração ou demolição da obra, para atender novos programas e investimentos. A primeira iniciativa deveria, como postura ética, com direitos autorais preservados, convocar os profissionais responsáveis para apresentação do que fosse pertinente, ouvi-los, dando direito de prioridade de resolvê-los se assim desejassem. Resumindo, o caminho escolhido é anacrônico, pois o Parque estava em uso programado desde a origem, e antagônico, pois a Prefeitura promovera o concurso do projeto e concorrência da obra demolida. Não há como dignificar o caminho escolhido mesmo que a obra concluída resulte magnífica! Grupo 1 – Depois das obras, como fica o local? NM - A realidade tornou-se irreversível e o enredo do feito, agora histórico, deve ser analisado como objeto de critica e aprendizagem como amadurecimento, que precisa gerar instrumento para cercear este tipo de atitude. A praça, por certo, continuará publica, e a população fará o discurso de sua pertinência ao uso do espaço no tempo. Grupo 1: E sobre sua visita ao local? Considera a Praça muito cinza? NM - Senti o impacto da grandiosidade do espaço da esplanada, espaço livre que convoca enorme público, independente de quaisquer outros pormenores decifráveis ou subliminares. É uma significativa área, imensa e livre. Espaços separados menores foram preparados com infraestrutura aos eventos menores de grupos, shows e outros uso cotidianos. Vejamos como será recebida ao uso e conservação esperados, sob quaisquer cores de políticas. Sim, a crítica de que a praça é muito cinza está correta. Não veria mal se o conjunto da obra se compusesse a cores com seus equipamentos. Mas não é o caso, pois a praça tornou-se uma larga “avenida”, com postes de iluminação pretos, desfilando nos passeios laterais, com árvores e equipamentos.


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