18/09/2020 às 13h41min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h24min

Obras nas vias dos Predinhos da Hípica preocupam moradores em Pinheiros

O quadrilátero conhecido como Predinhos da Hípica, em Pinheiros, é tombado e deve ser preservado pela sua historicidade. Entretanto, obras nas vias preocupam os moradores, que veem desrespeito ao formato original das calçadas e vias. A Sabesp afirma que atenderá as normas estabelecidas para requalificação do espaço.   Proteção do Conpresp Os Predinhos da Hípica contam com a proteção do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). O decreto que estabelece o tombamento aponta que o órgão levou em consideração “a importância histórica do processo de implantação do quadrilátero, vinculada à ocupação das áreas suburbanas e rurais de São Paulo, intensificada a partir da década de 1920”. Assim, a importância da concepção urbanística do conjunto, observado nas condições de implantação dos edifícios, consolidadas através de um processo de ocupação introduzido no bairro a partir da década de 1940, fortaleceu a decisão. O valor urbanístico e paisagístico do conjunto, vinculado ao seu grau de preservação, e o conjunto de áreas verdes permeáveis, presentes em espaços públicos e lotes particulares, proporcionando uma relevante qualidade ambiental urbana e o valor simbólico e afetivo do quadrilátero reconhecido pela população local, também foram apontados como causas do tombamento. Assim, deverão ser protegidas as volumetrias das edificações principais, recuos laterais e de frente, incluindo área ajardinada e características arquitetônicas externas das edificações.   Obras Porém, obras nas nas vias e calçadas preocupam os moradores. Na Simão Álvares, entre a Teodoro Sampaio e Artur de Azevedo, uma obra de saneamento da Sabesp foi motivo de reunião entre moradores, Subprefeitura local e a Companhia. A Sabesp informa que as obras realizadas são de substituição de rede de água para garantir a melhoria no abastecimento da região. A preocupação dos moradores é antiga. De acordo com Verônica Bilyk, presidente da Amapp (Associação de Moradores e Amigos dos Predinhos de Pinheiros), “é raro que alguma concessionária realize seu serviço e recupere o leito carroçável de forma original”. Representantes da Companhia se reuniram com a Prefeitura e com a Associação de Moradores no dia 9 de setembro para debater sobre o tema. Na reunião, de acordo com a Sabesp, ficou acordado que a Companhia vai repor todo o pavimento que receber as obras atendendo todas as normas vigentes de reposição da Prefeitura de São Paulo. A Subprefeitura Pinheiros esclarece que foi acordado com a concessionária de água que a Subprefeitura finalizará o serviço após conclusão da obra. A Secretaria Municipal de Cultura informa que o “Quadrilátero de Pinheiros/Predinhos da Hípica é tombado pela resolução 01/conpresp/18”. O tombamento, segundo o Executivo, não inclui explicitamente as calçadas, apenas as volumetrias das edificações principais, recuos laterais e de frente, incluindo área ajardinada e características arquitetônicas externas das edificações. As áreas envoltórias contemplam apenas alguns lotes e edificações. Tanto o Conpresp quanto o DPH não foram notificados a respeito de obras no quadrilátero, de acordo com nota. Verônica Bilyk reforça a necessidade de fiscalização: “ou a população fica de plantão, ou o serviço é terminado com recapeamento asfáltico desfigurando nosso contexto original”. Segundo a representante local, não há promessa de requalificação do espaço para retornar suas características sem dolo à historicidade do local.   Confira a entrevista com Verônica Bilyk na íntegra: Gazeta de Pinheiros - Há quanto tempo estão ocorrendo estas obras? Verônica Bilyk - Há cerca de dois meses; GP - Você poderia dizer os locais aproximados das obras? Verônica Bilyk - Ao longo da Simão Álvares, entre Teodoro Sampaio e Artur de Azevedo; GP - Esta não é a primeira vez que o poder público faz obras sem respeitar o registro histórico, certo? Verônica Bilyk - É raro que alguma concessionária realize seu serviço e recupere o leito carroçável de forma original. Ou a população fica de plantão, ou o serviço é terminado com recapeamento asfáltico desfigurando nosso contexto original; GP - Como foi a reunião entre as partes? Quem estava presente e o quê foi acordado? Verônica Bilyk - Nossa reunião foi muito amigável e diplomática - por parte da Subprefeitura estava presente Sr. Renato Gomes, Coordenador de Governo Local, e a Sabesp foi representada pelo Sr. Osmar; GP - Há alguma promessa de requalificação do espaço para retornar suas características sem dolo à historicidade do local? Verônica Bilyk - Não, não há promessas. Há manifestações de que este se tornou um trabalho praticamente inviável, por inúmeras razões meramente burocráticas. E a população vê seus direitos subjugados, assim como, trechos históricos da cidade vão sendo remendados à revelia...memórias apagadas...Além do contexto histórico, a não reposição das pedras coloca em risco o sistema natural de drenagem das chuvas previstas no projeto original. O que gostaríamos de ver seria uma melhor coordenação dos trabalhos entre os órgãos. Da maneira como ocorre, buracos de obras de concessionárias e Subprefeitura nas ruas e calçadas são abertos e fechados em dias alternados.


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