Um dos bairros mais culturais e receptivos de São Paulo comemora seu aniversário de forma diferente este ano. Acostumado com suas ruas tomadas pela alegria nos bares, com cheiros que conquistam nos restaurantes, com as conversas de amigos nas ruas, Pinheiros celebra seu 460º ano de existência tendo que (mais uma vez) se reinventar. Mas a gente já sabe que este bairro é forte. Ao longo dos últimos 65 anos, a Gazeta de Pinheiros acompanhou a vocação de Pinheiros para melhorar sempre. Mercado das Batatas No início, com trajetos criados em barro, mercantes levavam e traziam o que era possível vender no Mercado das Batatas desde todas as partes das vilas que iam se criando. Esta aldeia, por ficar na margem do rio, começou a servir de local estratégico para viajantes. Por volta do ano de 1600, o chamado Caminho de Pinheiros (atual Consolação) era um dos principais pontos da vila de São Paulo, pois ligava essa região a outras áreas mais distantes. Começam a surgir casas, criam-se ruas. Mercado Caipira O grande progresso da região, porém, só ocorreu a partir do ciclo do café no Brasil, entre o final do século XIX e o começo do século XX. Foi o dinheiro proveniente da exportação do produto que proporcionou o avanço do bairro. Nas primeiras décadas do século XX houve a fundação do Mercado Caipira, da Sociedade Hípica Paulista e da Cooperativa Agrícola de Cotia. O surgimento destas instituições e a ampliação infraestrutural (transportes, água, luz) intensificaram o desenvolvimento do bairro. Lá pelas tantas, edifícios e um comércio local. A cidade vem vindo e Pinheiros é uma pequena amostra disso. Nas páginas da Gazeta de Pinheiros podemos acompanhar a substituição dos casebres por edificações mais sólidas, que dão espaço a um comércio. Boemia e gastronomia O bairro começa a receber artistas e intelectuais. A boemia surge. Com ela, o local começa a ver um número crescente de pontos gastronômicos. Quase que sem perceber, bares e restaurantes vão aparecendo e inovando nos temperos. Pinheiros destaca-se como hub culinário em uma das cidades mais gastronômicas do mundo. Presentes, a cozinha baiana, a mineira, a portuguesa, a italiana. Cada uma alimentando um paladar. Comércio cresce Pinheiros é conhecido no município por ter a rua dos móveis, dos instrumentos musicais, dos restaurantes, dos bares; ou seja, um bairro que colhe muitas caras e vive se modificando. E sempre que teve um desafio, Pinheiros soube se reerguer. Assim como a Gazeta de Pinheiros tem mostrado nos últimos tempos que, mesmo no período de dificuldade, a população local vem ajudando quem mais precisa com ações de voluntariado. A estrutura vai se desenvolvendo. É difícil de imaginar, hoje, para quem passa pela avenida Rebouças que, antigamente, ali era um caminho de lama, por onde carros-de-boi eram guiados. No início do século XVII, o Caminho de Pinheiros era um dos mais destacados da Vila de São Paulo, por ser o único acesso à aldeia e às terras além do rio, no sentido oeste. Metrô Hoje, a Rebouças é ocupada até mesmo embaixo da terra. A Linha 4 – Amarela do Metrô segue seu desenho e auxilia no deslocamento pela cidade, com quatro estações (Paulista, Oscar Freire, Fradique Coutinho e Faria Lima) em seu contorno. Essa facilidade de acesso também configura em um dos motivos do desenvolvimento do bairro de Pinheiros (que ainda conta com as estações Pinheiros, que faz ligação com a CPTM, e Clínicas e Vila Madalena, da Linha 2 – Verde). Cultura Além disso, oferece a seus moradores e visitantes uma grande oferta de opções de lazer, com o primeiro shopping center da capital, o Iguatemi e outros que atendem a população. O bairro possui duas bibliotecas municipais: a Biblioteca Alceu Amoroso Lima, que possui um acervo da memória do bairro para consulta e a Biblioteca Álvaro Guerra, que reúne depoimentos de moradores sobre suas histórias de vida e do bairro em sua Estação Memória. Na área cultural, ainda serve de residência para centros como o Sesc Pinheiros e o Instituto Tomie Ohtake, o Centro Brasileiro Britânico, o Goethe-Institut e o Centro da Cultura Judaica, por exemplo. Praças como a Benedito Calixto são um refúgio no meio da cidade. Educação e saúde Também oferece terreno ao colégio Fernão Dias e dezenas de instituições de ensino. Além disso, é lar do Complexo do Hospital das Clínicas de São Paulo, que é o maior e mais importante complexo médico-hospitalar da América Latina e referência internacional em diversas áreas. Crescimento e modernização Hoje, Pinheiros é um dos lugares mais sofisticados de São Paulo. Reduto da classe média, possui uma rede comercial grande e diversificada (roupas, sapatos, móveis, comidas e bebidas, bancos etc.) e uma intensa vida cultural (livrarias, casas noturnas e bares, feira de artes e antiguidades, academias de dança etc.). Além de ter seus caminhos cruzados por ciclovias, que facilitam o deslocamento para os ciclistas. Será um aniversário diferente, sem a festa na rua, sem a alegria dos amigos reunidos, sem a boa comida sendo repartida. Mas será uma comemoração pela certeza de que Pinheiros sairá melhor disso. Nesta celebração, a Gazeta relembra a todos para auxiliarem o comércio local. Reestabelecer os laços de comunidade pode ser um dos grandes ensinamentos desta pandemia. Que no ano que vem, possamos todos voltar a plantar uma árvore na rua, dando as mãos aos nossos amigos.