As calçadas da Rua dos Pinheiros já foram ampliadas. Por mais 30 dias, os espaços ampliados serão testados pela população local. O trânsito regional também será analisado. São 800 m² a mais de calçada entre as ruas Cônego Eugênio Leite e Joaquim Antunes para a população. O projeto bulevar rua dos Pinheiros é uma luta que a Gazeta de Pinheiros prestigia há mais de 10 anos; o Caminhar Pinheiros foi uma revindicação de comerciantes e moradores e visa valorizar a convivência ao ar livre e garantir mais segurança no trânsito e para os pedestres. Vanêssa Rocha, presidente do Coletivo Pinheiros, afirma que as iniciativas não devem parar. “Além do espaço de convivência, queremos mais por aqui. Realçar não apenas o desenvolvimento de ações conjuntas, mas a importância de uma economia externa, que venha promover uma cadeia de valor pautada na cooperação”, afirma. O local é composto por restaurantes, comércio e serviços. Segundo a presidente do Coletivo, “o comércio já entende que proporcionar grandes experiências de consumo ao público é mais responsável e consciente”. “Veio para ficar”, salienta. O comércio não poderá utilizar o espaço para vendas, sob legislação parecida com o que acontece nos parklets. O consumo de produtos oferecidos nas cercanias estará liberado, como se fosse em qualquer calçada, apenas nada poderá ser ofertado a quem por ali estiver passando ou descansando. Fabio Helou, do restaurante Piccolo, comenta que o espaço deve ser interessante para o comércio local. “Nós não podemos servir, mas podemos acomodar como uma “espera”. O que para nós vai ser muito bacana. Você chega aqui o sábado à noite e está lotado. Assim, vamos usar a nosso favor”. Para Gil Leite, do Le Jazz, as regras são bem claras. “Nosso TPU acaba e ainda temos um passeio até maior que 1,2 m. Ali seria mais para o pessoal da rua, um espaço de convívio público. Lógico, se alguém quiser sentar para esperar os restaurantes, pegar uma bebida no bar e sentar está no direito dela de fazer isso”, ilustra. Nas esquinas, foram ampliados os espaços para os pedestres, diminuindo o espaço necessário para travessia em cerca de dois metros, encurtando a via para os carros. Nas vagas de zona azul, plantas foram colocadas para delimitar visualmente o que poderá ser usado pela população. Ainda serão instalados mobiliários urbanos. Para Helou, é uma questão de adaptação. “O valet nós já adaptamos, colocando do outro lado da rua. Não tive reclamação até agora”, afirma. Embora não utilize o serviço de valets, Leite diz que essa é a sua preocupação em relação aos vizinhos. “Minha única preocupação é com o pessoal que tem valet, como é que eles vão fazer para atender o pessoal que chega de carro. Porque eu acho que não vai poder ter valet, porque não vai ter condição de parar em fila dupla, já não podia antes, e, como não tem vagas, eu acho que eles vão ter que procurar outra solução”, argumenta. Diz, ainda, que “a cidade de São Paulo não comporta valet, mesmo porque as pessoas vão para restaurantes, para talvez consumir bebidas alcoólicas”. Porém, Leite sinaliza a comodidade que isso pode trazer à rua: “um conforto maior para todos pedestres e restaurantes que servem na rua. Vai ampliar o fluxo de pedestres, principalmente no final de semana”. A adaptação maior para o comércio talvez seja na questão de carga e descarga de produtos. Helou comenta que “é a única coisa a ser adaptada ainda. Mas isso cabe aos organizadores descobrirem um lugar na rua. Até porque é uma entrega atrás da outra, para nós e para os vizinhos”. Helou vê com bons olhos a iniciativa. “Ainda não dá para saber, não está completo também. Mas para nós e os comerciantes da rua, particularmente, só vem a agregar”, conclui, dizendo ser favorável à permanência da área. Leite também diz querer a progressão do projeto. “Participamos bastante desde o começo. É um projeto que a Gazeta de Pinheiros sempre falou, de fazer um bulevar aqui na rua, mas fechar a rua completamente nos parece inviável. Então, quando apareceu essa oportunidade de ampliar as calçadas, a gente viu uma grande vantagem para a rua dos Pinheiros, o comércio, os pedestres e todo mundo que frequenta a rua”, comenta. Trânsito O engenheiro Hemilton Inouye, gerente de engenharia de Tráfego Oeste da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) comenta que hoje, o trânsito está muito saturado, porém, há alternativas de deslocamento em Pinheiros. Questionado sobre a permanência do projeto, afirmou que é possível. “A tendência é que isso vá acontecer independente do tráfego”, comenta. “A ocupação das esquinas é de um espaço que, hoje, já é ocupado pelo pedestre. A faixa de pedestre é uma área onde o veículo não estaciona. E a outra área é a continuação do estacionamento”, explica. Isso não alteraria o trânsito, mas diminui a probabilidade de acontecer um atropelamento. A intervenção vai ocupar espaço equivalente a 20 vagas de estacionamento rotativo (Zona Azul), preservando vagas para idosos, pessoas com deficiência e carga e descarga. Durante os 35 dias serão ampliados 790m² de calçadas, com pintura e mobiliária temporários. “Um terço dos deslocamentos em São Paulo é feito a pé. Houve aumento no número de pedestres nessa região e precisamos dar mais segurança a todos. Com essa intervenção, a população vai perceber o quanto se ganha em qualidade de vida ampliando as calçadas”, declarou o prefeito Bruno Covas. Histórico A Gazeta de Pinheiros, junto com entidades, lutou e conseguiu em administrações passadas, a reforma das calçadas da rua Pinheiros com padrões modernos e uniformes, além do aterramento de fios em parte da via, apesar da promessa de extensão em toda a rua, que teria o mesmo benefício e beleza. Agora a continuidade do projeto, tem a participação do ‘Coletivo Pinheiros’, que conta com a parceria da Prefeitura de São Paulo, o CET e Subprefeitura de Pinheiros, sendo patrocinado pela empresa Brasileira de Mobilidade Urbana 99. Ela entrou em vigor dia 5 de novembro e segue até 10 de dezembro. Participam também o vereador Police Neto, a Boldarini Arquitetos Associados e PS.2 Design e Bloomberg para Segurança Global no Trânsito.