07/08/2020 às 23h38min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h26min

A volta de Mike Tyson

Sim, ele vai voltar aos ringues. A luta está marcada para dia 12 de setembro, em Los Angeles, contra o também cinquentão e ex-campeão mundial dos pesos pesados Roy Jones Jr. Mas terá regras diferentes. Serão apenas oito rounds (o normal são doze), os boxeadores vão usar luvas de doze onças em vez de dez (luvas mais pesadas oferecem maior proteção) e não haverá jurados para pontuar os lutadores. Aos 54 anos, Tyson continua midiático como sempre foi, fará de tudo para promover o embate e até inventar histórias se for preciso. Ele disse que já perdeu 60 quilos na preparação, mas os amigos garantem que foram 30, ele jura que o evento será beneficente e que não vai receber nenhum centavo, mas especula-se que o cachê será entre 10 e 20 milhões de dólares. A verdade é que o ex-pugilista pesa hoje os mesmos 100 quilos de quando se tornou campeão mundial, e está muito mais forte. Acrescente-se aí uma boa dose de autoestima resgatada com muita determinação, ingredientes necessários para dar confiança e subir ao ringue depois de 15 anos sem lutar. A volta de uma aposentadoria é sempre cercada de muita expectativa. O brasileiro Eder Jofre é um exemplo disso. Jofre brilhou na carreira galo na década de 60, ficou parado três anos e retornou para competir no peso-pena, tornando-se campeão mundial aos 37 anos. Entre os pesos pesados, Muhammad Ali e George Foreman também voltaram depois de encerrarem suas carreiras e conquistaram novamente o título mundial. Foreman aliás, foi campeão pela segunda vez em 1994, aos 45 anos, e lutou até os 46. Tyson está com 54. Uma volta inédita no mundo do boxe. Em 1986, quando foi campeão mundial pela primeira vez, passou a ser, aos 20 anos, o boxeador mais jovem a deter o cinturão dos pesados. E ironicamente, disse na época, que um dia seria também o mais velho a alcançar essa façanha. Quem viu Mike Tyson lutar sabe que nunca houve nada igual. Ele era uma máquina de destruição. Depois de nocautear alguém, queria bater ainda mais no nariz para “ver o osso penetrar no cérebro”. Tyson tinha “sangue nos olhos”. Se perdia uma luta, parecia um leão raivoso capaz de qualquer coisa. Quem acompanhou a luta, lembra bem quando arrancou um pedaço da orelha de Evander Holyfield. Fora dos ringues teve uma infância quase que delinquente e a violência jamais o abandonou. Passou três anos na cadeia por estuprar uma adolescente, crime que sempre negou, e por se envolver em brigas de rua. Sua vida financeira é um desastre. Segundo a revista Forbes, Tyson torrou 400 milhões de dólares com festas, tigres de estimação, carros e mansões. Hoje é dono de uma empresa que fabrica produtos à base de Cannabis, mais conhecida como maconha. Bicampeão mundial dos pesos pesados, Tyson não luta desde 2005, quando enfrentou Kevin McBride e acabou perdendo. Kevin já declarou que toparia enfrenta-lo novamente. Tyson tem treinado com o brasileiro Rafael Cordeiro, técnico de MMA e chamado a atenção pela boa forma física exibida nas redes sociais. O homem “mais malvado do planeta”, o velho “Iron Mike”, que destroçou rivais e que não tinha medo, voltou. Perguntado qual foi o maior desafio que enfrentou em sua vida, Mike Tyson respondeu: eu mesmo. Em um momento onde a palavra de ordem é se “reinventar”, Tyson ensina que o enredo de nossas vidas, somos nós que escrevemos, e que desistir... não faz parte do roteiro.  


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