A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estão implantando, em 60 dias, a ciclofaixa na avenida Rebouças. Já tendo o recorde de pior trânsito da capital, com o corredor de ônibus e centenas de motociclistas que “disputam” as duas vias restantes, a Prefeitura pretende atender um número pequeno de ciclistas, em detrimento de motos, carros, ônibus e ambulâncias preferenciais, colocando-os ainda em perigo, pelo tamanho ínfimo do projeto, e alocando os veículos para ficarem mais aglomerados do que já estão. Sem consulta séria e duvidosas “audiências públicas” Entidades e moradores da região informam que atitudes impensadas, como a derrubada do “Minhocão”, insucesso no fechamento radical da rua dos Pinheiros e implantação de ciclovias em avenidas estreitas de grande fluxo de trânsito, mostram que a Prefeitura faz estudos macros e não pensa nos problemas locais dos bairros. Não consultam verdadeiramente a comunidade e alardeiam noticiando “audiências públicas” com participação ínfima e duvidosa dos verdadeiros moradores bairristas. E mais: com futuras ciclovias estreitas demais, junto com corredores de ônibus, o perigo dos ciclistas é iminente, com risco de perder a vida ou sofrer acidentes violentos. Trânsito Os dados mais recentes apresentados pela CET mostram que a rota formada por av. Eusébio Matoso, av. Rebouças e rua da Consolação apresentou as menores velocidades no período da tarde, desde 2017, com média de 8,2 km/h. A nova ciclofaixa será implantada à direita da avenida Rebouças, dos dois lados da pista, junto à calçada e, para o local, deverá ser unidirecional, com largura variando entre 1 metro e 1,20 metros, o que representa um perigo constante aos ciclistas, pois qualquer desvio, por menor que seja, será fatal. Na época, ainda foi informado que a largura média das faixas para veículos poderá variar entre 2,50 e 2,80 metros e a faixa exclusiva para ônibus de 3,30 a 3,50 metros. Sistema Cicloviário Segundo o Executivo, para a construção do Plano, foram realizadas 10 audiências públicas, seguindo o previsto na Lei 16.885/2018, que cria o Sistema Cicloviário do Município de São Paulo, e 10 oficinas participativas organizadas pela CET e pela Câmara Temática de Bicicleta (CTB). Todos reclamam que nestas “audiências”, além de haver pouca ou nenhuma divulgação, a participação dos moradores foi ínfima e não representa os anseios da comunidade. “Vale ressaltar que, para garantir a segurança dos ciclistas, está sendo feita a linha de bordo de forma prioritária para segregar a via e orientar os motoristas sobre a existência da ciclofaixa. A malha cicloviária da cidade se tornará mais segura, de melhor qualidade e focada em mobilidade, além de ter menor custo com sinalização” informam em nota. Butantã reclama Também a comunidade do Butantã renega a ciclofaixa da av. Corifeu de Azevedo Marques, feita do lado esquerdo da via junto ao canteiro central, já que no lado direito prevalece o corredor de ônibus, que foi concebida na administração Haddad, sem nenhum estudo, muito estreita e que provoca acidentes fatais, tanto em ciclistas como em pedestres que transitam em direção a Osasco ou em sentido contrário. Um péssimo exemplo para a futura ciclofaixa da Rebouças. Ciclofaixas unidirecionais As ciclofaixas unidirecionais, que foram escolhidas para a avenida Rebouças, construídas nas extremidades da via, mostram o perigo para todos os usuários. A CET afirma que a avenida possui largura variável, de 10 a 14,55 metros, além de 3 a 4 faixas por sentido, aumentando para cinco faixas na aproximação com a av. Paulista. Mas os argumentos da Prefeitura não são suficientes para justificar esta implantação na Rebouças, com péssimo trânsito que é “disputado” por muitos ônibus, centenas de veículos e milhares de motos a cada minuto, em um espaço sofrível, que ficará pior ainda. E temos ainda os ambulantes que fazem suas “vendas” entre as faixas, que não estão nos estudos da Prefeitura, e as ambulâncias preferenciais que atendem os hospitais do centro e av. Paulista. Pesquisa: 500 (ou 50) ciclistas X milhares de veículos, motos e ônibus A CET informa que realizou contagens de ciclistas e identificou a necessidade de implantação desta estrutura cicloviária pelo número de usuários que querem fazer o percurso entre as regiões das avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima (aproximadamente 500 ciclistas/dia). Um número otimista, pois outras pesquisas mostram que nem 20% – ou seja 100 ciclistas/dia – utilizarão a futura e perigosa ciclofaixa. A Companhia informa ainda que realiza contagens volumétricas de veículos no eixo Rebouças/Eusébio Matoso disponíveis no Relatório Anual de Desempenho do Sistema Viário – MSVP, disponível para consulta no site da CET (www.cetsp.com.br). Modal de transporte A Prefeitura informa ainda que o Plano Cicloviário da cidade de São Paulo tem como objetivo expandir e requalificar a malha cicloviária, proporcionando segurança para ciclistas, motoristas, motociclistas e pedestres. “O Plano foi idealizado para tornar a bicicleta, definitivamente, como um modal de transporte para pequenas distâncias (até 3,5 km) e para as distâncias iniciais e finais das viagens realizadas na cidade”, afirma a Prefeitura. Gastos de mais de R$ 500 milhões em época de pandemia O investimento no Plano Cicloviário será de R$ 325 milhões e será acompanhado de um projeto de recapeamento orçado em R$ 250 milhões, tudo em época da pandemia da Covid-19. No total, a cidade passará dos atuais 503 km para 676 km de vias para ciclistas em 2020, sendo que 73% dessas estruturas estarão interligadas ao transporte coletivo. A criação da ciclofaixa da av. Rebouças pretende conectar a ciclovia da av. Faria Lima às estruturas da av. Paulista e rua da Consolação, conectando a malha cicloviária às estações de metrô destas vias.
