21/05/2020 às 18h17min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h32min

Levantamento mostra até 175% de aumento de casos da Covid-19 na região

Levantamento quinzenal publicado no último dia 15, mostra um grande aumento no número de óbitos por Covid-19 na região. Entre 24 de abril e 11 de maio, a zona oeste apresentou um crescimento de mais de 80% do número de fatalidades e a zona sul ultrapassou 86%. Os dados foram divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Portanto, até a data de hoje (22), estes números provavelmente devem estar bem maiores ou terem dobrado de tamanho, mostrando que a pandemia atingiu mais as zonas oeste e sul da capital.   Número deve chegar a 10 mil mortes No Alto de Pinheiros foram registrados 22 óbitos no período, um aumento de quase 30%. Em Pinheiros, 27 pessoas faleceram, o que representa um acréscimo de 60%. A Vila Sônia apresentou um aumento de 100% nos óbitos, com 32 registros. Já no Morumbi aconteceram 32 mortes, com 112% a mais de casos. Santo Amaro teve um aumento de 115% no período, com 28 mortes, Parelheiros 221% com 45 óbitos e Jardim Ângela 140% com 84 mortes. O Butantã apresenta uma das maiores taxas destes bairros, com 175% de aumento, e 11 pessoas perdendo a luta para a Covid-19. O distrito Raposo Tavares teve um aumento de 187% com 23 óbitos e o Jaguaré 133% com 21 mortes. “Com 4.644 óbitos por Covid-19 até a data de 11 de maio, a cidade apresentou uma média de crescimento de 80,5% no período analisado. Importante lembrar que estamos com testagem abaixo do ideal e subnotificação de casos. Aplicamos uma metodologia em parceria com a economista @oliviasensata para buscar entender o momento atual”, afirma o vereador paulistano Caio Miranda. Até 19 de maio o número de óbitos passava de 5.200 óbitos, com mais de 350 em um dia. Com os números apresentados e o crescimento geométrico de pessoas infectadas, o número real deve ultrapassar 10 mil mortes, no fim de semana, mas segundo especialistas pode ser bem maior.   Óbitos atingem as crianças A Prefeitura informou no sábado a morte de mais uma criança da capital vítima do novo coronavírus, a segunda em 48h. Ela tinha apenas três anos e é a sexta vítima infantil no estado, a terceira nesta semana. Nas últimas 24 horas, foram mais de 3 mil novos casos e centenas de óbitos. Outras cinco crianças faleceram com a doença em menos de um mês. A primeira e a segunda foram da capital e tinham 7 meses e um ano de idade. A terceira era de Penápolis, com 9 anos. Nesta semana, foram mais duas: uma de 4 anos, de Francisco Morato, e um bebê de um ano, da cidade de São Paulo.   Doença atinge mais homens Entre as vítimas fatais, estão 2.779 homens e 1.909 mulheres. Os óbitos continuam concentrados em pacientes com 60 anos ou mais, totalizando 72,9% das mortes. Observando faixas etárias subdividas a cada dez anos, nota-se que a mortalidade é maior entre 70 e 79 anos (1.137 do total), seguida por 60-69 anos (1.075) e 80-89 (902). Também faleceram 303 pessoas com mais de 90 anos. Fora desse grupo de idosos, há também alta mortalidade entre pessoas de 50 a 59 anos (670 do total), seguida pelas faixas de 40 a 49 (347), 30 a 39 (197), 20 a 29 (39) e 10 a 19 (12), e seis com menos de dez anos.   Fatores de risco Os principais fatores associados à mortalidade são cardiopatia (58,6% dos óbitos), diabetes mellitus (43,7%), doença neurológica (11,4%), doença renal (10,8%) e pneumopatia (9,7%). Outros fatores identificados são imunodepressão, obesidade, asma e doenças hematológica e hepática. Esses fatores de risco foram identificados em risco: 3.785 pessoas que faleceram por Covid-19 (80,7%) do total. A relação de casos e óbitos confirmados por cidade pode ser consultada em https://www.saopaulo.sp.gov.br/coronavirus/.   Leitos disponíveis Durante coletiva de imprensa realizada no Palácio dos Bandeirantes, médicos e especialistas afirmaram que a questão do isolamento social ultrapassa a preocupação com o número de leitos disponíveis e que o agravamento da doença é preocupante. “Oito por cento das pessoas diagnosticadas vieram a óbito e não foi por fata de leito de UTI, mas porque cada dia que passa nós entendemos que a doença é mais grave. O vírus é mais agressivo do que parecia no começo da pandemia. A gente vai compreendendo mecanismos de como o vírus ataca os diferentes sistemas do indivíduo e hoje está claro que o vírus causa uma doença sistêmica, e não apenas uma doença pulmonar”, disse o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde, Paulo Menezes.   Mortalidade: 20% O diretor do Instituto Emílio Ribas, Luis Carlos, afirmou que atualmente a taxa de mortalidade nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) estão em torno de 20%. “Isso quer dizer que, de cada cinco pacientes que vão para a UTI, um paciente não volta para casa. De cada dez pacientes, quatro evoluem para insuficiência renal”, disse o médico.   Sequelas da doença Luiz Carlos ainda fez um alerta sobre as sequelas deixadas pela Covid-19 (doença provocada pelo novo coronavírus). “Desses pacientes que vão receber alta, alguns ainda vão precisar fazer diálise e outros terão sequelas pulmonares. Então, a questão não é apenas sobre número de leitos disponíveis. A questão é que estamos diante a uma doença nova que surpreende a casa dia com novas manifestações clínicas, neurológicas, cutâneas e vasculares. Por isso precisamos que a população colabore para que a gente não tenha pacientes graves e pacientes com sequela”, disse.   Isolamento social Por este motivo, a questão do isolamento social é fundamental para conter o avanço da doença na capital. O índice de isolamento na cidade foi em média de apenas 48%. “Estou falando em nome da força-tarefa que temos em nossos hospitais, falando desde os funcionários que cuidam do administrativo aos que estão na ponta, essas pessoas estão dando o máximo que podem e elas precisam do apoio da população para que a gente consiga controlar um pouco mais essa demanda. É um apelo que fazemos todas as vezes, mas as pessoas precisam parar e olhar para essa força de trabalho, se sensibilizar com esta dedicação e entrega para fazer a sua parte. É só isso o que pedimos”, disse Luiz Carlos. Menezes também ressaltou a importante do isolamento social. “A doença é mais grave do que as pessoas estão imaginando. Por isso precisamos entender que o isolamento social não é só em função de dar tempo para a construção de leitos com respiradores, mas é a única coisa que podemos fazer para evitar que as pessoas peguem o vírus”, concluiu.


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