14/05/2020 às 20h12min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h32min

Novo rodízio de veículos gera polêmica e críticas de todos; MP solicitou fim da medida

Após testar bloqueios em algumas das principais avenidas da cidade, a Prefeitura desistiu da iniciativa pois não surtiu os efeitos desejados. Assim, deu início a um novo e polêmico modelo de rodízio, com regras mais restritivas à circulação de automotores. Ambas medidas buscam aumentar a taxa de isolamento social para não colapsar o sistema de saúde, mas pelos depoimentos de leitores e da comunidade o “tiro saiu pela culatra” e o poder público deve recuar novamente de “testes” impensados e sem nenhum estudo prático. Contágio deve aumentar com a medida A Prefeitura continua testando maneiras de diminuir a presença da população nas ruas para tentar achatar a curva de contágio do coronavírus. Um dos meios encontrados foi atacar a presença de veículos particulares nas vias da cidade. A primeira tentativa foi com o bloqueio de vias importantes. A medida acabou acarretando em congestionamentos e não afetou a taxa de isolamento social. Assim, acabou após dois dias de execução. Agora, para tentar alterar o número, a escolha do Executivo foi do retorno do modelo de rodízio. Porém, com medidas mais restritivas. O novo decreto prevê a redução do fluxo de veículos na cidade em 50% com a restrição estabelecida por placas com final par ou ímpar. A medida também vale aos finais de semana. Contrariedade Leitores expressaram contrariedade em relação à medida. “Com relação a esta ordem ridícula, quem trabalha de carro terá que ir de transporte coletivo, expondo-se mais ao vírus. É o que eu menciono sobre meu projeto ‘A Resistência’. Se 75%, no mínimo, não obedecer, o que poderiam fazer contra, se a voz é do povo?” – S.A. “Será que esta medida do rodízio dará certo? As cidades com maior contágio foram as que usavam mais transporte público (NY, Veneza, Roma, Madrid, Paris etc.). Será que em um ônibus, trem e metrô, as aglomerações não são imensas? Para mim, as pessoas não vão parar de sair. Vão somente sair de outra maneira.” – C.B “Na cidade de São Paulo, a circulação de veículos diminuiu bastante em razão do novo sistema de rodízio. Entretanto, os ônibus e metrô ficaram superlotados. Com esta medida, o número de infectados pelo coronavírus deverá aumentar com a aproximação das pessoas, pois o risco de contágio nos transportes públicos é bem maior do que em veículos! Queremos respostas!” – Teruo Yatabe De acordo com matéria da Folha de São Paulo, o número de pessoas utilizando o transporte público aumentou. Isso dificulta o distanciamento indicado e impossibilita, em muitos casos, a ausência de contato físico. É necessário lembrar que desde a semana passada é obrigatório o uso de máscaras para acessar o uso de coletivos e trens, por exemplo. Em nota, o Ministério Público solicitou o fim da medida Segundo o texto, a Promotoria de Justiça solicitou os estudos sobre os impactos para a adoção do decreto, “inclusive acerca de como se dará a gestão do transporte coletivo em meio à redução do número de veículos particulares autorizados a transitar”. Porém, “o prazo para prestação de tais informações por parte do município escoou sem resposta, concluindo-se, portanto, pela ausência de motivação e fundamento para o ato, impondo-se, dessa forma, sua suspensão cautelar”. Rodízio O rodízio vale para toda cidade de São Paulo, não apenas no centro expandido. Outra novidade é que ele vai vigorar durante as 24 horas do dia. Os veículos que descumprirem as novas regras serão autuados de acordo com Código de Transito Brasileiro, com 4 pontos no prontuário CNH e penalidade de R$ 130,16. Os veículos que já possuem isenção de rodízio, como os que transportam pessoa com deficiência com comprometimento de mobilidade ou tratamento debilitante de doença grave, seguem isentos. Dentre os profissionais que tem o direito à isenção estão os que prestam serviço na área da saúde, servidores que exercem atividades de segurança e fiscalização administrativa, servidores e contratados do serviço funerário e da assistência social e profissionais de órgãos de imprensa. Em alguns casos, como o de jornalistas, o cadastro também pode ser feito por autônomos, mediante documento ou comprovação do exercício da atividade. A lista completa de excepcionalidades está disponível no decreto publicado no Diário Oficial. Para garantir o livre deslocamento dos profissionais que prestam serviços considerados essenciais, a Prefeitura criou um canal de comunicação para a realização de cadastro com informações pessoais e do veículo que terá o benefício. Ônibus A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes e a SPTrans colocaram mais 1.000 ônibus em circulação para atender a população que precisa continuar se deslocando durante a quarentena. Além disso, outros 600 veículos estão em bolsões distribuídos em áreas estratégicas da cidade. Com o novo reforço, a frota nas ruas chegará a 65,5% de um dia útil, enquanto o número de passageiros registrado em 7 de maio foi de 31%. Os ônibus adicionais são distribuídos em 469 linhas de todas as regiões da cidade, além de terminais e estações de trem e metrô, que foram definidos após uma análise de oferta e demanda realizada pelos técnicos de campo da SPTrans, verificando índices de ocupação de linhas. Trânsito Os números do trânsito na cidade de São Paulo medidos pela Prefeitura, por meio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), na manhã de segunda-feira (11), mostram que o rodízio de placas ímpares e pares teve grande impacto e reduziu bastante tanto o índice de congestionamento quanto o índice de lentidão na cidade de São Paulo (que considera a base de dados do Waze). Comparado ao índice do dia 4, o pico de congestionamento desta segunda-feira foi bem menor, atingindo apenas 1 km, às 8h30. Na semana passada, o pico foi de 11 km, entre 8h e 9h. Em termos de lentidão, os números também estão bem abaixo da última segunda-feira. No último dia 4, foram registrados 21 km de lentidão às 8h da manhã. Nesta segunda (11), o pico foi de 4 km, também às 8h.


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