30/04/2020 às 20h32min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h32min

Derrubada criminosa da Mata Atlântica traz risco ao abastecimento de água

Levantamento indica que 1,2 milhão de árvores foram mortas apenas no município de São Paulo nos últimos seis anos. Sem a cobertura vegetal nas áreas mais afastadas da zona sul, leste e norte da cidade, nascentes são aterradas, cursos de água e córregos deixam de existir, o que compromete os mananciais de água que abastecem principalmente as represas da Guarapiranga e Billings, responsáveis pelo fornecimento de água a grande parte da população da região metropolitana de São Paulo. Esta é uma das conclusões do dossiê “A Devastação da Mata Atlântica no Município de São Paulo” (2ª Edição, 454 páginas), cujo lançamento foi feito nesta segunda-feira (27) pelo vereador Gilberto Natalini (PV-SP). O documento traz 160 áreas desmatadas. Ao todo, 7,2 milhões de metros quadrados de florestas paulistanas já foram ao chão. Uma área ainda maior está sob séria ameaça, caso o poder público continue omisso. O dossiê apresenta fotografias de satélite mostrando o “antes” e o “depois” da destruição da Mata Atlântica, além de imagens de drone e fotos obtidas nos próprios locais onde organizações criminosas devastam a cobertura vegetal para implantar aterros e loteamentos clandestinos (ao todo são quase 700 fotografias). Estes terrenos são vendidos ilegalmente, e na maioria das vezes as pessoas simples se desfazem de suas posses para comprá-los. Adquirem lotes sem documentação, enquanto o poder público assiste a tudo sem tomar providências eficazes. Natalini pediu a instalação de uma CPI para investigar a devastação sistemática da Mata Atlântica na cidade. Não foi atendido. O dossiê traz depoimentos de 52 testemunhas sigilosas – homens e mulheres, a maioria moradora das regiões devastadas no extremo da zona sul. Juntas, essas pessoas citaram, direta ou indiretamente, 75 suspeitos de cometer crimes ambientais e outras ilegalidades, como crimes de corrupção. As testemunhas não terão suas identidades reveladas por segurança. Agora cabe ao Ministério Público conduzir as investigações que se fizerem necessárias e tentar acabar de vez com a derrubada avassaladora de árvores na nossa Mata Atlântica e, assim, interromper a grave destruição do meio ambiente que está em curso no município. Segundo o documento, todos os dias dezenas de árvores da Mata Atlântica são criminosamente derrubadas na cidade de São Paulo. A maior parte da cobertura vegetal vai ao chão na zona sul para que organizações criminosas implantem loteamentos clandestinos em áreas de proteção ambiental. De acordo com as informações fornecidas, se as “organizações” que derrubam a Mata Atlântica em São Paulo para pôr no lugar bairros clandestinos continuarem livres para agir, temperaturas elevadas e poluição atmosférica substituirão árvores, e esgotos a céu aberto e águas contaminadas tomarão os cursos de água, córregos e do que ainda resta de água limpa que chega às represas da Guarapiranga e Billings. Milhares de nascentes que abastecem as duas represas vão desaparecer. Se nada for feito, terá sido esse o “desenvolvimento” do extremo da zona sul. Em 29 de maio de 2019 o vereador Gilberto Natalini requereu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a devastação das áreas verdes e de proteção ambiental no município de São Paulo. Vereadores que defendem os interesses políticos da Prefeitura, porém, não permitiram o funcionamento da CPI, cujos trabalhos de apuração certamente vinculariam a destruição da Mata Atlântica aos objetivos econômicos de organizações criminosas que transformavam as florestas em loteamentos clandestinos. O Dossiê afirma que os governos do estado e do município não tomaram medidas efetivas para reverter a tendência de desmatamento sistemático em São Paulo, como se observa nesta Segunda Edição do Dossiê. Atualizado, o Dossiê “A Devastação da Mata Atlântica no Município de São Paulo” traz 160 áreas cuja cobertura vegetal vem sendo arrasada nos últimos seis anos. Ao todo, 7,2 milhões de metros quadrados de áreas de florestas aniquiladas no território da cidade de São Paulo. Ao todo, 1,2 milhão de árvores jogadas ao chão, sob a omissão ou conivência das autoridades públicas que deveriam proteger o patrimônio natural dos paulistanos. Ao todo, 48 mil lotes clandestinos (150 metros quadrados cada um) e um faturamento de quase R$ 2 bilhões (R$ 40 mil o lote), fortuna que, no país da corrupção e da impunidade, garante o funcionamento de um sistema sórdido.  


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