29/11/2019 às 16h24min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h38min

Novembro azul para conscientizar

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum nos homens, com 68.220 novos casos em 2018, 15.391 mortes no ano de 2017, e custos médios de R$ 12.501,55 por paciente. Diante desse panorama, não há dúvidas sobre a importância e necessidade de um mês de alerta para essa condição. Aproveitando as celebrações do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, realizadas no dia 17 de novembro, foi criado o movimento Novembro Azul, na Austrália em 2003. No Brasil, as ações de conscientização iniciaram mais tarde, mas também objetivam dissipar o preconceito masculino de ir ao médico e, quando necessário, realizar o exame de toque. Diagnosticar precocemente a doença aumenta as chances do tratamento efetivo. Mas, adicionado a isso, há a necessidade de se conhecer os fatores de risco, os quais envolvem questões genéticas, epigenéticas e ambientais. Entre esses fatores, apenas o fator genético é inerte. Os fatores ambientais, como estilo de vida, uso de medicamentos, fumo, álcool, além da alimentação, podem modular positiva ou negativamente os fatores epigenéticos. Muitos estudos que avaliaram padrões alimentares relataram risco aumentado de câncer de próstata, especialmente o tipo agressivo, na presença de hábitos alimentares ditos "ocidentalizados". Outros estudos mostraram que a alimentação pobre em micronutrientes contribui com até 75% de mortes relacionadas ao câncer. Por outro lado, há evidências de que os constituintes da dieta mediterrânea estão inversamente associados ao risco de câncer em geral, incluindo o de próstata. Os países costeiros do sul da Europa apresentam menores taxas de incidência e mortalidade por câncer de próstata em comparação a outros países europeus. Homens gregos que migraram para a Austrália e mantiveram sua dieta mediterrânea tradicional nativa têm risco menor de desenvolver câncer de próstata do que os nascidos na Austrália ou outros imigrantes que adotaram hábitos alimentares "ocidentais". As principais características da dieta mediterrânea incluem tipicamente a alta ingestão de vegetais crucíferos (brócolis, couve-flor, couve e rabanete), frutas, legumes, cereais e o consumo moderado a alto de peixes e azeite de oliva. Esses alimentos são naturalmente ricos em micronutrientes, compostos bioativos e fitoquímicos que apresentam diversas funções benéficas à saúde, principalmente propriedades antioxidantes que podem impedir ou atrasar o desenvolvimento, a progressão e/ou a recorrência do câncer de próstata. Vitaminas, minerais, carotenoides, flavonoides e polifenois são abundantes nos vegetais e frutas e têm sido extensivamente estudados com relação às suas propriedades quimiopreventivas para o câncer de próstata. As principais funções dos componentes dietéticos residem na sua forma natural e crua, exceto para o caso dos carotenoides. O licopeno é um carotenoide encontrado nos vegetais e frutas vermelhos que tem sua biodisponibilidade aumentada quando da presença de gorduras e de aquecimento. Portanto, o molho de tomate apresenta maior teor desse componente do que a sua forma in natura. Para os demais alimentos, o cozimento, além de gerar subprodutos e alterar a estrutura e a digestibilidade, pode causar perdas consideráveis ​​em micronutrientes essenciais. São exemplos de alimentos considerados quimiopreventivos a maçã, romã, melancia, goiaba, tomate e seus derivados industrializados (molho, extrato), brócolis, couve-flor, couve, nabo, rabanete, gengibre, açafrão-da-terra, pimenta, chá verde, uva e vinho tinto. Sugere-se que consumir uma alimentação saudável rica em frutas e legumes pode reduzir o risco de risco de câncer de próstata em 75%. Portanto, modular positivamente os fatores epigenéticos e ambientais, com destaque ao consumo alimentar, pode minimizar a chance de desenvolver câncer. Cuide-se! Autora: Thais Regina Mezzomo é coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário Internacional Uninter.


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