13/09/2019 às 17h01min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h45min

Incandescente Mula sem cabeça nascida numa Sexta-feira 13 de lua cheia

A versão feminina do Lobisomem contaminada pelas superstições da Sexta-feira 13, sobretudo pelo preconceito às bruxas, espalhou-se pelo mundo utilizando diversos nomes, como Malora, no México; Almamula, Mula Ánima, Tatá Cuñá e Mula Frailera, na Argentina, e Cavaleiro sem Cabeça, nos Estados Unidos. Uma das lendas mais famosas que enriqueceu o folclore brasileiro foi atitude originária de espíritos zombeteiros tanto para o bem quanto para o mal durante a Idade Média no Brasil Colônia, após médiuns viajantes da Península Ibérica, residentes em uma capitania hereditária, divulgarem apavorados ao povoado o fenômeno sobrenatural.   A igreja oportunista, aproveitando-se do burburinho, adaptou o conto aos padrões eclesiásticos da época a fim de que os temerosos representantes de Deus na Terra não fossem mais seduzidos por um rabo-de-saia e a mulher de família não perdesse a virgindade antes de casar na igreja. Segundo a lenda, a mulher pecadora amaldiçoada transforma-se em uma mula sem cabeça manifestada na lua cheia, e a partir de uma encruzilhada percorre descontrolada sete povoados à meia noite de quinta para sexta-feira envolta em chamas no lugar na cabeça inexistente (irracionalidade), até o sublime alvorecer do terceiro canto do galo.   A Mulher do Padre, cega pelo pecado, guiada apenas pelos instintos selvagens, tradicionalmente chupa os olhos, unhas e dedos dos benditos desafortunados que a virem nessa forma infernal. O único jeito de quebrar o feitiço é retirar da Besta, já esgotada e quase sem forças, uma gota de sangue usando um alfinete ou retirar o cabresto de sua boca. O ritual devolverá sua forma humana, agora purificada, completamente nua como veio ao mundo. Simbolismo semelhante ao do sangue do imolado cordeiro judaico. Tudo está conectado.   Rogério Candotti é articulista desse Jornal com a cabeça no lugar  


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