06/06/2019 às 19h02min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h48min

Despoluição do Rio Pinheiros pode começar

Uma das mais antigas revindicações dos moradores da zona oeste, a despoluição do Rio Pinheiros pode começar a acontecer no futuro próximo. O Governo do Estado estuda um plano de ação para a iniciativa. Segundo nota emitida pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a despoluição do Pinheiros é uma das ações mais importantes do Governo do Estado de São Paulo pelo impacto na qualidade de vida da população e do meio ambiente, pela importância do rio na paisagem urbana da maior cidade do País e pela excelência técnica que será necessária para alcançar o objetivo. Sua despoluição vai exigir não só expertise e inovação tecnológica das diversas áreas do Governo envolvidas como também grande mobilização e união da sociedade. Não há como despoluir um rio como o Pinheiros sem que haja participação de todos no combate à chamada poluição difusa. Desde a pessoa que joga bituca de cigarro na rua até a destinação incorreta desse lixo, passando pela ocupação irregular dos solos e até indústrias que descarregam poluentes diretamente em córregos, tem que haver esforço conjunto. O trabalho para universalizar coleta e tratamento de esgotos já vem sendo feito com muita responsabilidade pela Sabesp. O Projeto Tietê, da Companhia, é o maior programa de saneamento do Brasil e já investiu US$ 2,9 bilhões em coleta e tratamento de esgoto na Grande São Paulo desde 1992. Nesse período, aumentou a coleta de 70% para 87%, e o tratamento de 24% para 70%. Ao longo desses anos de trabalho, foram instalados aproximadamente 4.450 km de coletores-tronco, interceptores e redes coletoras. O volume de esgoto tratado saltou de 4.000 litros por segundo para os atuais 18.700 litros por segundo. A Sabesp informa que a despoluição do Rio Pinheiros será uma ação integrada pela Sabesp, EMAE, Cetesb e DAEE, com coordenação da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado. É um trabalho que combina gestão (pela primeira vez, essas empresas e instituições estão sob o comando da mesma secretaria), novas tecnologias e integração com a população. Luta Nas últimas décadas, diversos projetos foram apresentados pelo Governo do Estado para limpar os rios Pinheiros e Tietê, que desde os anos 60 se encontram com elevados níveis de poluição. No entanto, os resultados efetivos dessas medidas foram quase nulos e os gastos com recursos públicos, exorbitantes. O projeto mais polêmico envolvia o sistema de flotação do Pinheiros, implantado em 2001. A ideia consistia em eliminar boa parte dos poluentes por meio da aglutinação de resíduos sólidos, que ocorria pela formação de bolhas de oxigênio e utilização de produtos químicos. Posteriormente, o material acumulado era recolhido. A água tratada pelo sistema de flotação seria conduzida para a represa Billings, a fim de aumentar a produção na usina Henry Borden, na cidade de Cubatão. No entanto, a iniciativa foi contestada em 2008 por técnicos do Ministério Público Estadual. Em 2011, o Governo do Estado desistiu do projeto após constatar a ineficiência do sistema. Mais de R$ 160 milhões foram gastos com o trabalho. Porém, diante da crise hídrica de 2014, a retomada da flotação foi considerada pela gestão Geraldo Alckmin, já que a Billings seria utilizada para reforçar o abastecimento da população. No ano passado, a despoluição do Rio Pinheiros foi cogitada pela iniciativa privada. A proposta partiu da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que pretendia reverter as águas à Represa Billings de forma a ampliar o potencial da Usina Hidrelétrica Henry Borden. O projeto ainda não foi descartado. Se colocado em prática, as águas do rio podem passar da Classe 4, com alto nível de poluição, para a Classe 2, categoria em que são consideradas próprias para o abastecimento humano. A Abdib estima que, com o programa de despoluição, seja possível bombear em média 15 mil litros de água por segundo para a Billings, volume suficiente para abastecer os cerca de 15 milhões de moradores da Região Metropolitana. Hoje, a Sabesp capta apenas 1 litro por segundo de um dos braços despoluídos da represa. Origem Conhecido nos tempos coloniais como Rio Jurubatuba, que significa “lugar com muitas palmeiras jerivás”, o Pinheiros ganhou o nome atual durante a ocupação jesuíta, por volta de 1560. Os religiosos escolheram essa identificação em referência aos pinheiros da espécie araucária, abundantes em toda a região hoje ocupada pelo tradicional bairro de Pinheiros. O Rio Pinheiros se estende da confluência com o Rio Tietê, no eixo viário do “Cebolão”, até a zona sul, onde começa o seu traçado a partir dos rios Guarapiranga e Grande, este último com nascente na Serra do Mar, localizada nos limites da capital com o município de Santo André. Hoje o Rio Pinheiros está cercado por centros financeiros como o da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini e diversos shoppings. Ao longo da urbanização da metrópole, ele foi isolado e gradualmente retificado por conta da poluição. Com a industrialização acelerada na segunda metade do século 20, transformou-se em uma espécie de ralo gigante.


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