04/05/2023 às 23h47min - Atualizada em 04/05/2023 às 23h47min

​Continua o barulho, poluição e dano ambiental da UR Antonico da Sabesp no Morumbi

O Ministério Público definiu a autorização de construção de empreendimento da Unidade de Recuperação do Córrego Antonico, defronte ao Estádio Cícero Pompeu de Toledo, na entrada do Morumbi, sendo “além de ilícita, por causar evidente dano ambiental, é claramente ilegal”. Entre as justificativas estão a supressão de mais de 213 árvores frondosas (plantadas há trinta anos pela comunidade em compensação ambiental da USP) e os impactos causados na região, por licenças supotamente irregulares da Cetesb, autorizadas para as obras da Sabesp, para o ‘Projeto Novo Rio Pinheiros’. Reunião com representantes da empresa e comunidade, realizada a semana passada na Subprefeitura do Butantã, não traz avanços, pois agora a poluição com odor de esgoto, barulho noturno e diurno e muitas irregularidades da construtora continuam, como  invasão de praça, corte novo de árvores e transporte irregular de resíduos sólidos, sem nenhuma fiscalização. 

Sabesp tenta explicar obras
Na semana passada, após a Subprefeita do Butantã, Joseane Possidonio, conversar com técnicos da Sabesp, a pedido da comunidade e do Grupo 1 de Jornais, Jornal do Butantã, Gazeta de Pinheiros e Morumbi News, foi feita uma nova reunião, para que os problemas que estão sendo causados pela UR Antonico tentassem ser esclarecidos pelo técnico da Cia. de Saneamento do Estado de SP,  Ari Antonio da Silva. O encontro também serviu para os representantes ouvirem as demandas dos moradores do entorno e ambientalistas, para possível solução dos problemas relatados pela sociedade. 

Críticas aumentam
Mas a “bronca” dos moradores continua intensa e sem solução. Ari afirmou que as URs são provisórias, tem ações complementares e que devem ser desmobilizadas no futuro. Também afirmou que a captação do córrego é de 180 litros por segundo, mas a exigência seria de 800 litros por segundo. Na época das chuvas a captação é menor e quase não há tratamento de água (esgoto). A UR não causa inundações no Estádio (o que contraria versões de engenheiros). Com esta captação de tratamento, os ambientalistas entrevistados informam que é uma usina dispendiosa, pelo que se pretende tratar somente média de 30% do Córrego Antonico, e suas instalações e maquinários ‘novos’, tem projetos ultrapassados, pois geram resíduos. Os lodos químicos tem que ser transportados com frequência em áreas intensamente habitadas, podendo provocar incomodidade, na forma de desprendimento de odores, com o risco de se criar um impasse de ordem sanitária na região. Isto já aconteceu o mês passado, quando caminhões com o lodo (esgoto sólido) derramaram e invadiram a praça vizinham  onde estava se realizado a feira livre, com comércio de alimentos, frutas e verduras.

Depoimentos de moradores e leitores condenam a UR Antonico
“A reunião foi esclarecedora, somente de ‘promoção’ do fadado projeto ‘ilegal’ da Sabesp, segundo o MP. Foram feitas muitas projeções otimistas da futura obra e inúmeras críticas. A empresa sempre coloca a culpa em ‘outros’ órgãos públicos como a AES que não liga os ‘transformadores de voltagem’. Também foi afirmado que o local escolhido, que canibalizou um bosque de 213 árvores, ... ‘foi em acordo com o Governo Estadual e Municipal, que impugnou outras áreas livres, sem vegetação e próximas de residências’. Moradores fizeram denúncias pontuais comprovadas de barulho, odores de esgoto e novo corte de árvores frondosas. O técnico explicou que a UR Antonico é provisória (?) e que deve ser desativada no futuro...(?) e que vão ‘fiscalizar’ melhor a construtora contratada, que invadiu nova área com tapumes irregulares, não respeita nada e está causando muitos problemas ”, informam os moradores.

“Que ótimo a ‘Usina de Esgoto’ será provisória (?), porque minha casa teve rachadores no quintal, fui obrigado a esvaziar minha piscina e estou com um vazamento de água, com uma conta absurda e não mandei arrumar porque o que vai quebrar mais”, informa A.C. morador vizinho da UR Antonico..

“O mau cheiro no quintal é tão forte que não consegui mais fazer nada e convidar alguém para um churrasco ou qualquer evento. Dia 2 de maio último um barulho infernal das 7 às 18:30 horas”, conclui C.A. morador vizinho ao local. 

“Um absurdo está obra faraônica!”. M.H.S.

“Em frente ao Estádio do Morumbi? Não poderiam colocar em outra área sem árvores e moradores próximos? A Cetesb deve ter feito a ‘autorização’ dentro do escritório e nem foi ao local do bosque devastado. É um acordo de Governo para o Governo e que se ‘lixe’ a população”. L.A.

“Circo de horrores é o que é esta Usina de Esgoto no bairro!” D.T.C.O.

“Se a empresa vai ser penalizada, o que acontecerá? Absurdo a prefeitura não tomar providência no início da obra. Que descaso público ao lado do Palácio do Governo, Estádio do Morumbi e do Hospital Albert Einstein”. M.M.

“Passo pela região e nunca vi nada disso. A obra traz a esperança de um Rio Pinheiros limpo para as futuras gerações!” R.Z.

“Está tudo com tapume, na frente do estádio, há meses... Então você não passa lá e não imagina uma obra tão desnecessária... Sinto muito!” L.M.

“Tem que ir para imprensa, denunciar. Mataram todas as árvores, e na frente para podar uma árvore, canibaliza outras. Tem que documentar tudo! Absurdo!” A.P.

“Isso será uma estação de tratamento de água.  Muita bobagem é falada, sem saberem a realidade...” D.G.

Alternativas são possíveis e projeto é ultrapassado
O engenheiro civil Ivan Carlos Maglio, Doutor em Saúde Pública e Pós Doutor em Planejamento Urbano e Mudanças Climáticas pelo Centro de Síntese Cidades Globais do IEA – USP, explica: “Em artigo recente publicado na página do Instituto de Engenharia, o Eng. Jose Eduardo W. de Cavalcanti analisou a concepção dessas Unidades Recuperadoras de qualidade das águas, para colocar suas águas em um nível pelo menos de Classe 4 de qualidade., para poder de fato contribuir para a qualidade das águas do Rio Pinheiros”. https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2021/10/27/por-jose-eduardo-w-de-a-cavalcanti-a-concepcao-de-tratamento-das-urs-unidades-recuperadoras-da-qualidade-das-aguas/
Cavalcanti cita ainda que “Como o anteprojeto ofertado pela Sabesp teve caráter apenas orientativo, as empresas contratadas se puseram a desenvolver os projetos definitivos com base nas suas “expertises” desvinculando-se da Sabesp, porém sujeitos à aprovação da Cetesb para emissão das respectivas Licenças de Instalação.”
E na sua conclusão coloca um grande problema não solucionado pelo Programa Novo Rio Pinheiros: “a preocupação que fica é sobre a ausência de tratamento que teria de ser dado ao lodo químico e principalmente aos lodos biológicos excedentes estimados em 60 ton/dia a 20% de Sólidos em Suspensão, uma vez que os projetos previram apenas a desidratação em centrífugas do lodo tal e qual, isto é, sem estabilização, conforme confirmado pela Sabesp em “live” da ABES em setembro último.”
“Como já sugerido em outro artigo, uma alternativa seria lançar o lodo excedente e o lodo químico à rede de coleta mais próxima das URs, de modo que, interligadas aos coletores-tronco e aos interceptores do Pinheiros, alcancem a ETE Barueri onde seriam tratados. Procedimento similar já foi feito pela Sabesp com o lodo da ETA ABV.”

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