13/10/2022 às 23h50min - Atualizada em 13/10/2022 às 23h50min
Acidente em Congonhas mostra que aeroporto não está preparado para aumento de voos
O Aeroporto de Congonhas enfrentou muitos atrasos devido a mais um acidente ocorrido esta semana. O pneu de pouso de um avião de pequeno porte estourou e manteve a pista principal interditada por dezenas de horas. O fato mostrou que a mobilização das equipes da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), não estão preparadas nem para pequenos acidentes, e imagine se problemas acontecerem com aviões maiores. E fala-se em aumento no numero de voos e horário estendido. Assim, foram cancelados 73 voos que deveriam sair do aeroporto e 67 previstos para chegar no terminal. Esta semana inteira, o aeroporto segue operando com dificuldades e dezenas de voos, entre partidas e chegadas, foram cancelados e todos tiveram grandes atrasos, sem nenhum suporto para os passageiros e sempre com informações desencontradas. Entidades e moradores continuam com a campanha para melhorar as condições do aeroporto e diminuir o som das aeronaves, que já é superior ao permitido.
O acidente está sendo investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) da Aeronáutica. Cinco pessoas estavam abordo do avião quando a aeronave saiu da pista e parou na área de taxiamento (deslocamento em solo das aeronaves) do aeroporto. Ninguém ficou ferido. A pista principal ficou interditada por mais de 9 horas. Infraero informa que a retirada do aparelho acidentado era de responsabilidade da empresa proprietária e nada fez para resolver o problema. Ou pior, soube como agravar a situação e deixar milhares de passageiros sem voos, bem na “Semana do Saco-Cheio”, onde as escolas suspendem as aulas por uma semana e todos viajam nesta época. Um caos.
Concessão para a iniciativa privada
Em leilão, gestão do aeroporto de Congonhas foi repassada para a empresa espanhola ‘Aena’. O edital de concessão prevê melhorias de infraestrutura e várias ampliações. Movimento deve aumentar de 22 milhões para 35 milhões de passageiros ao ano – o que significa mais tráfego aéreo.
Entidades lutam para diminuir ruído aéreo
A SAAP - Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros mostra que a previsão é de que o fluxo de aeronaves aumente. Várias associações de moradores estão fazendo reuniões com a Infraero para tentar ao menos reduzir o problema. “Seguimos acompanhado se as janelas terão que ser triplas com cortina acústica pra reforçar. Ótimo ter registrado a queixa. Quanto maior o volume de reclamações, mais as associações de moradores se fortalecem nas discussões com a Infraero“, concluem.
A concessão por 30 anos prevê investimentos de R$ 5,8 bilhões no bloco – R$ 3,3 bilhões só em Congonhas, dos quais R$ 2,53 bilhões nos primeiros cinco anos, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As obras incluem aumento do pátio de aviões, expansão do terminal de passageiros e novas salas de embarque. Isso deve elevar o número de aeronaves e de viajantes.
Em 2019 – portanto antes da pandemia –, Congonhas recebeu cerca de 22 milhões de passageiros. Os números despencaram em 2020 e 2021, durante a pandemia (para 6,8 milhões e 9,4 milhões), mas devem ultrapassar os 35 milhões após a concessão, com uma média de 44 voos comerciais por hora.
Na prática, o que isso significa para os moradores de Alto dos Pinheiros? Para quem for pegar voos em Congonhas, provavelmente um aeroporto mais bem-estruturado. Para quem trabalha em home office ou em escritórios no bairro, mais barulho durante o dia.
A SAAP e outras associações de bairro têm feito reuniões com a Infraero para falar sobre os ruídos aeroviários. Mudanças nas trajetórias de alguns voos aumentaram a quantidade de aviões que sobrevoam nossa região. Apesar da louvável iniciativa de organizar os encontros, até agora não há sinais de que as queixas dos moradores estão provocando alterações de planos.