15/09/2022 às 23h35min - Atualizada em 15/09/2022 às 23h35min

​Pets: cães e gatos podem sofrer de doença semelhante ao Alzheimer

Especialista da Universidade Anhanguera de São Paulo explica fatores de risco para a Síndrome da Disfunção Cognitiva

Os cães e gatos domésticos podem desenvolver uma condição chamada de “Síndrome da Disfunção Cognitiva”, muito similar ao Alzheimer humano. Quem explica mais sobre o assunto é o médico-veterinário e coordenador do curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhanguera de São Paulo, Frederico Fontanelli Vaz.
“Com o avanço na nutrição, manejo e medicina veterinária de cães e gatos, esses animais passaram a ter maior longevidade, e com a idade avançada surgiram também as condições senis. No caso da Síndrome da Disfunção Cognitiva, os animais desenvolvem uma desordem neurodegenerativa e lentamente manifestam sinais progressivos de alteração mental e demência”, afirma o médico veterinário.
Por ser uma condição neurodegenerativa relacionada à idade, a síndrome acomete geralmente animais idosos, principalmente cães com mais de 8 anos de idade. Estudos mostram prevalência de 28% em cães com 11 a 12 anos e 68% em cães com 15 a 16 anos de idade. A prevalência em gatos com 11 a 14 anos pode chegar a 28%, e 50% em gatos com 15 anos de idade.
Sinais clínicos
Quando acometidos pela síndrome, os cães geralmente manifestam confusão, ansiedade, distúrbio no ciclo sono-vigília, desatenção, inatividade, andar compulsivo (especialmente à noite), demência, incontinência fecal ou urinária, dificuldade em subir escadas, incapacidade de reconhecer pessoas e animais familiares, diminuição da interação com a família e vocalização excessiva (especialmente à noite).
Quando a síndrome acomete os gatos, os sinais são parecidos com os apresentados pelos cães: desorientação espacial ou temporal; alterações nas interações entre o pet e seus tutores ou outros pets; alterações no ciclo sono-vigília; alteração nos locais de evacuação, entre outros.
Tanto para cães como para gatos, um dos sinais clínicos da Síndrome da Disfunção Cognitiva é a incapacidade dos animais em reconhecer seus tutores.
Na maioria dos casos, o diagnóstico da síndrome é desafiador, feito com base nos sinais clínicos, exame clínico e histórico consistente com a condição. Há testes comportamentais muito úteis sendo desenvolvidos para mensurar a habilidade cognitiva dos pets e determinar alguns déficits.
“O exame de ressonância magnética está em avanço na medicina veterinária e seria uma ferramenta útil, porém, poucos tutores optam por realizá-la, pelo custo e preocupações com a anestesia e seus efeitos no animal geriátrico”, conta.
É possível evitar?
Existem formas para tentar diminuir a probabilidade de o animal desenvolver a síndrome com o avanço da idade: desde pequeno, o tutor deve fornecer ao pet um ambiente enriquecido, com oportunidades de exploração, exercícios, novidades, brinquedos que o estimulem, além de promover uma dieta adequada, indicada por um médico-veterinário, evitando fornecer ao bichinho alimentos processados, ricos em açúcar e gordura.
“A dieta e suplementos dietéticos têm impacto no desenvolvimento e progressão do declínio cognitivo. Alguns fatores alimentares de risco foram identificados em humanos, e acredita-se que podem ser estendidos aos animais. É reportado na literatura que carne vermelha, frango, açúcar refinado, alimentos processados e com alto teor de gordura podem contribuir para o declínio cognitivo”, acrescenta Vaz.
Animais domésticos sedentários ou que permanecem muito tempo presos, pouco estimulados, entediados e com pobre enriquecimento ambiental durante a vida também podem se tornar mais propensos ao desenvolvimento da síndrome com a idade avançada.
“Todos os animais precisam de exercício regular, interações sociais e estímulos com atividades e objetivos que promovam brincadeiras e exploração do ambiente, como escaladas e novas maneiras de obter alimentos, por exemplo.”
Anhanguera e Kroton

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