28/10/2021 às 23h50min - Atualizada em 28/10/2021 às 23h50min

Cinco filmes de terror no cinema para curtir o Halloween

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

John Carpenter transformará sua obra-prima iniciada na década de 1970 em uma quadrilogia, descartando as demais sequências. O penúltimo filme da franquia: Halloween Kills: O Terror Continua, desenvolve com qualidade os personagens que sobreviveram ao feriado macabro em 2018, unindo-se com sede de vingança aos sobreviventes de 1978 (interpretado pelos mesmos atores quarenta anos depois). Ocorre que esses moradores descontrolados com tacos de baseball na mão em vez de tochas acesas, partem cegamente a caça do psicopata gritando: “Evil Dies Tonight”, inspirados no famoso: “Kill the Beast” de A Bela e a Fera. Enquanto isso, tranquilamente longe dali, Michael Myers satisfaz o seu desejo reprimido de infância, matando indiscriminadamente de forma visceral e criativa, inédita no cinema. Pena que vai demorar um ano para o desfecho épico da franquia de matar de inveja até Jason e Freddy Krueger. 
“Doces e Travessuras” ou melhor “Doces para um doce” combina com Candyman, o protagonista do conto: The Forbidden, escrito pelo britânico de Liverpool, Clive Barker, que também produziu o longa homônimo de 1992. No conto, Candyman é uma lenda urbana chamada carinhosamente no Brasil de “histórias de pescador”, cuja trama acontece em um conjunto habitacional londrino, feio, sujo e desorganizado à margem da sociedade. O ambiente ideal repleto de pichações no lugar de árvores esverdeadas com a intenção de popularizar a lenda sobre o assassino de mão de gancho. Clive anestesia o leitor, principalmente na hora do clímax, usando uma narrativa envolvente e inesquecível. Em, O Mistério de Candyman, disponível no Telecine, a estudante Helen Lyle (Virginia Madsen) sai da sua zona de conforto abastada, a fim de desvendar o desconhecido mundo proibido da comunidade Cabrini-Green em Chicago, ao invés da Spector Street na Inglaterra. O Homem dos Doces virou um ícone do terror clássico, graças à brilhante interpretação de Tony Todd ao ser invocado 5 vezes na frente do espelho, inspirado pelo mito de Bloody Mary (ou da Loira do Banheiro, no Brasil). Apesar dessa intrigante manifestação sobrenatural, o longa de Bernard Rose levanta a hipótese do vilão ser apenas um delírio coletivo daquela comunidade inocente, seduzida por mistérios fascinantes que os induz a cometer crimes hediondos: “Sempre foi você, Helen”. Os dois filmes subsequentes e o longa produzido por Jordan Peele em 2021 acrescentam pouco à mitologia do personagem. A Lenda de Candyman, baseada no original, conta com a participação de Vanessa Williams interpretando a mãe do bebê que Helen salvou da fogueira à la Joana D'arc em 1992. Ocorre que Cabrini-Green encontra-se bela e organizada atualmente com plantações esverdeadas ao redor e poucas pichações. Além disso, o excesso de personagens abordando questões raciais corriqueiras ofuscam o clima de terror provocado pelo slasher em carne e osso que se confunde à lenda urbana, deturpando a essência do tradicional sedutor da literatura inglesa, astuto como uma serpente, que habita o imaginário popular: “Eu sou a escrita na parede, o sussurro nas salas de aula; sem essas coisas, nada sou”. “Você acredita em mim?
Em o Homem nas Trevas 2 acontece a mesma coisa, o boina verde do longa anterior que perdeu a visão na guerra do Iraque se transformou no Demolidor da Marvel ao invés de continuar sendo um ótimo Rambo 1. Aquela atmosfera de terror e suspense lenta e gradativa que dava aula de cinema audiovisual, foi ofuscada pela ação frenética competente, além das cenas de ultraviolência abruptas. Na trama, o estuprador Norman Nordstrom (Stephen Lang) que defendia seu lar claustrofóbico de adolescentes ordinários, protege agora uma menininha (Madelyn Grace) de uma organização criminosa, fora do seu misterioso território confortável, oito anos depois. 
Após a trágica morte do marido, a viúva se isola em sua casa afastada da civilização onde é assombrada por um espírito obsessor que pode ser fruto da sua imaginação ou não. Ao contrário das lendas urbanas que não se apegam a pessoas e a lugares específicos, não têm formas definidas tampouco comportamentos tipificados. A Casa Sombria, do mesmo diretor do novo Hellraiser que estreia ano que vem, apesar do tema desgastado, ganha fôlego pelo roteiro envolvente, sustentado pela fantástica atuação de Rebecca Hall, apesar do final ambíguo, confundindo terror psicológico e sobrenatural.
O criador do universo compartilhado de Invocação do Mal, James Wan, dessa vez trouxe de lá apenas a excelente atriz Annabelle Wallis para estrelar o novo projeto extremamente criativo e que homenageia o terror gore e desconcertante de Mario Bava e Dario Argento nos anos 1970. Na trama, após vários abortos espontâneos a jovem Madison (Annabelle Wallis) é atacada por uma entidade sombria que acaba matando o marido abusivo dela, além de incriminá-la como a unica suspeita do crime brutal. As inúmeras situações complexas e o ritmo acelerado acaba entretendo mais do que aterrorizando, porém, o final surpreendente de Maligno será inesquecível.

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