04/12/2020 às 17h34min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h20min

John Nash, Batman, O Alienista, Um Estranho no Ninho e Jack, o Estripador

“No século 19, acreditava-se que as pessoas com doenças mentais estavam alienadas de sua verdadeira natureza. Especialistas que as estudavam eram conhecidos como alienistas.” A série na Netflix foi baseada na obra do americano Caleb Carr: O Alienista - The Angel of Darkness invés do clássico de Machado de Assis, publicado em 1882. Na trama literária brasileira, o obstinado psicólogo, Simão Bacamarte, retorna à sua terra-natal, Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro para construir lá um manicômio (Casa de Orates) adotando critérios pessoais e subjetivos a fim de definir para então estudar a loucura, a exemplo dos vagos critérios convencionais e ideológicos adotados pelo congresso brasileiro para definir o que é Fake News. O que o orgulhoso psiquiatra acreditava ser a loucura, na verdade, eram apenas comportamentos sociais estranhos e exóticos, fora da sua concepção pessoal de normalidade, que acabou transformando os moradores, incluindo sua mulher, D. Evarista, em loucos de fato, confinados na Casa Verde. Cientificismo cego tratado com ironia fina, sarcasmo salutar e sutil pelo genial escritor brasileiro. Enquanto a série de TV, ambientada na década seguinte (1896), numa época sombria em que o crime e a farroupilha miséria vigoravam, em contraste com o belo figurino da abastada aristocracia. A trama novaiorquina desenvolve-se a partir da criação de uma agência de detetives pelo renomado psiquiatra Dr. Laszlo Kreizler, (Daniel Brühl), o jornalista do New York Times, John Moore (Luke Evans) e a jovem requintada, Sara Howard (Dakota Fanning), assistente do recém-nomeado comissário de polícia e futuro presidente americano: Theodore Roosevelt (Brian Geraghty), independente da polícia corrupta e incompetente. Laszlo se inspirou no médico alemão, Franz Mesmer (mesmerismo), difusor do magnetismo e do hipnotismo, protagonista do filme: Mademoiselle Paradis, e no pai da antropologia criminal, Cesare Lombroso. O cirurgião e psicólogo italiano tornou-se mundialmente famoso em função do estudo das propriedades mentais a partir da fisionomia do indivíduo, tendo em vista o tamanho da mandíbula e o tamanho do crânio, aliado às influências astrais, já identificadas numa criança antisocial. Lombroso converteu-se ao Espiritismo ao observar a materialização do Espírito da própria mãe. Na primeira temporada, um serial killer pedófilo tumultua a megalópole e no ano seguinte, na segunda temporada homônima, o dono de uma maternidade, trafica recém-nascidos que acabam mortos, misteriosamente. Do outro lado do oceano, paralelamente, Jack, o Estripador, se muda da Londres Vitoriana para fazer novas vítimas em Gotham City. Depois de consultar o famoso psicanalista Sigmund Freud em Viena e finalizar o seu treinamento, Bruce Wayne volta à sua cidade natal a fim de capturar o psicopata. A primeira HQ Elseworld (fora da cronologia da DC Comics), Gotham City 1889 - Um Conto de Batman, descreve a atmosfera do Sherlock Holmes Americano, desamparado da costumeira tecnologia moderna. Em uma participação especial na homônima animação de 2018, o psiquiatra louco Hugo Strange acreditava que os transtornos mentais eram curados com intervenções cirúrgicas no cérebro, desenvolvidas pelo médico português vencedor do Prêmio Nobel em 1949, António Egas Moniz. Nesse período pós-segunda guerra (1947) ao norte da Califórnia, o médico filipino Dr. Hanover (Jon Jon Briones), diretor do Lucia State Hospital, aplicava essa hedionda técnica chamada lobotomia, além de eletrochoques e banhos de imersão fervendo em pacientes com transtorno de personalidade múltipla (Sophie Okonedo), lesbianismo (Annie Starke), esquizofrenia e sonambulismo (Teo Briones); a mesma instituição psiquiátrica do clássico: Um Estranho no Ninho. Essa é a premissa da série da Netflix, Ratched, dirigida por Ryan Murphy, a fim de desvendar as origens da maquiavélica enfermeira Mildred Ratched (Sarah Paulson) que enlouqueceu o presidiário Randle  McMurphy (Jack Nicholson), 16 anos depois. Dessa vez, a pretérita manipuladora está disposta a tudo para tirar o serial killer Edmund Tolleson (Finn Wittrock) do Corredor da Morte, independente do consentimento do tirânico governador local (Vincent D’Onofrio). Apesar das cenas fortes de embrulhar o estômago, a série Ratched não é maniqueísta porque mostra o lado frágil dos complexados personagens do nosocômio, incluindo a transtornada enfermeira órfã que chorou copiosamente ao relembrar do passado traumatizante em um singelo show de marionetes. As experiências probatórias malsucedidas em vidas passadas, exteriorizadas na atual, podem desencadear uma gama de psicoses endógenas (esquizofrenia). No caso da Mente Brilhante do matemático antisocial: John Forbes Nash (Russell Crowe), laureado em 1994 com o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, seus amigos imaginários: Charles (Paul Bettany) e William Parcher (Ed Harris), exteriorizam-se apenas em 1947. Charles, logo após o calouro ingressar no estressante curso suplementar da Universidade de Princeton; e William, imediatamente após Nash ser admitido pelo governo federal como um notório decodificador de mensagens ultrassecretas, no auge da Guerra Fria. Essa louca patologia que alterava sua percepção da realidade não o impediu de concluir a nobilíssima Teoria dos Jogos, inspirada na Dinâmica dos Governos (o melhor resultado é aquilo que é melhor para si e para o grupo), graças a homérica dedicação da esposa, Alicia (Jennifer Connelly), amparando-o nos momentos mais difíceis.


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