09/11/2018 às 16h28min - Atualizada em 05/05/2021 às 10h03min

Levantamento aponta uso de ciclistas na Ponte Eusébio Matoso

A Ciclocidade fez um levantamento do número de ciclistas que usaram a Ponte Eusébio Matoso no dia 12 de setembro. Das 6 às 20h, foram computados 1.164 ciclistas. Segundo a entidade, os números corroboram com a necessidade de uma ciclopassarela no local. “Essa contagem é importante para dar início ao que chamamos de série histórica, quando é possível acompanhar os dados a partir de novas contagens e fazer comparações futuras. Está prevista a entrega de uma ciclopassarela ao lado da Ponte Eusébio Matoso e esses dados vêm corroborar com a necessidade urgente de uma infraestrutura", comenta Tais Balieiro, Coordenadora Geral da contagem. A implantação destas estruturas, e de outros trechos importantes para a segurança dos ciclistas na região, são periodicamente lembrados por organizações de ciclistas, conselhos participativos e pela Câmara Temáticas de Bicicleta nas reuniões mensais do Grupo Gestor da Operação Urbana Consorciada Faria Lima. Os dados apresentaram horários de pico entre às 6h e 8h da manhã e das 16h às 18h da tarde. “O grande fluxo é de trabalhadores vindos do Butantã com destino ao centro da cidade e, desse total, 11% são mulheres”, informam. Os dados da contagem também revelam outros aspectos dos ciclistas que pedalam pela Ponte Eusébio Matoso, como faixa etária e tipo de bicicleta. Nessa região, 9% são bikes compartilhadas sem estação. A contagem chama atenção para a desproporcionalidade de infraestrutura frente ao grande número de ciclistas e pedestres. Não há nem mesmo sinalização adequada para a segurança dos que vão a pé ou de bicicleta e a velocidade máxima da via é de 50 Km/h com direitas livres. "Esta ponte passa por cima  da ciclovia da Marginal Pinheiros, porém elas ainda não estão conectadas. Isto seria possível através de uma obra relativamente pequena e simples. Ela criaria uma opção sustentável para quem usa a saturada linha de trem da CPTM ou sofre com o trânsito de carros na Marginal Pinheiros e de bicicletas na ciclovia da Avenida Faria Lima”, argumenta o Coordenador Local, Sasha Hart. A ponte tem intensa passagem de ônibus via corredor exclusivo e está próxima da estação Butantã da linha 4 do metrô, bem como estação intermodal (metrô/CPTM/ônibus) Pinheiros e estação Rebouças-Hebraica da CPTM. A contagem traz ainda observações sobre usos do solo, infraestrutura cultural e de lazer e fala de aspectos de arborização e conservação das calçadas. Por fim, o relatório elenca demandas urgentes como “instalação de lombofaixa, redutor de velocidade ou outra formas eficazes de acalmamento, em alças de acesso da ponte”. “A cidade de São Paulo, de modo geral, é mal sinalizada e quem morre mais são os pedestres e ciclistas. Em pontes como a Eusébio Matoso, a preocupação deveria ser ainda maior”, lamenta Tais. Segundo a entidade, os resultados desta contagem (1164 ciclistas no total) indicam que a Ponte apresenta um alto uso mesmo com a falta de infraestrutura cicloviária. “Para efeito de comparação, ainda que resguardadas as particularidades e contextos de cada local, a Ciclocidade anteriormente havia contabilizado 1062 ciclistas na ponte da Cidade Universitária  (ao Norte da Ponte Eusébio Matoso) e 643 na ponte da Freguesia do Ó”, informam. Faria Lima A área faz parte da Operação Urbana Faria Lima, que desde 1994 prevê conexões cicloviárias entre a Cidade Universitária e a Avenida Faria Lima. Hoje, a Ciclovia da Faria Lima tem uma média diária de mais de 7 mil viagens de bicicleta, mas essa e outras duas conexões (Bernardo Golfarb Jaguaré) ainda não saíram do papel. Após verba publicada no Diário Oficial, a entrega ficou prevista para 2017, mas a nova atualização do cronograma jogou para 2021. Até lá, os ciclistas precisam se equilibrar entre pedestres e, muitas vezes, entre os carros. Conhecida por ser um dos centros financeiros da cidade, a Avenida Faria Lima também pode receber o título de Avenida das Bicicletas. Após a construção da ciclovia no local, o número de frequentadores aumenta todo ano. Segundo matéria da Folha de S. Paulo, apenas nos primeiros sete meses deste ano, houve um aumento de 45% de usuários de bicicletas no local. Já reportagem do Estado de S. Paulo aponta que a média diária subiu de 1,7 mil para quase 5 mil passeios desde 2013 até hoje. Desses números, aproximadamente 25% são usuários da Bike Sampa. O uso de bicicletas na via é tão forte que foi o local escolhido para a divulgação do novo sistema de empréstimos em janeiro deste ano. A matéria do Estado ainda coloca a ciclovia do local à frente da de grandes cidades do mundo. Até o final de julho, mais de 750 mil deslocamentos de bicicletas foram registrados, contra 350 mil na Avenida Paulista. Incentivo Um estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) mostra “que moradores de áreas próximas às ciclovias têm a chance aumentada de usar a bicicleta como meio de transporte em 154%. Para aqueles que moram perto de estações de trem ou metrô, o aumento ficou em 107%, independentemente de fatores como sexo, idade, nível educacional ou bairro”. Segundo dados divulgados pela Agência Fapesp, apenas 5,1% da população adulta de São Paulo utiliza a bicicleta como meio de locomoção. Os resultados do estudo apontam que a construção de mais ciclovias faria aumentar esse número. Alex Florindo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do estudo, afirmou em entrevista à Fapesp que “é preciso garantir o espaço, principalmente em uma cidade como São Paulo, que tem um trânsito tão violento e capaz de inibir o uso da bicicleta”. Dados apresentados pelo movimento Ciclocidade apontam que “enquanto 38% dos usuários de outros meios de transporte se estressam sempre ou quase sempre, apenas 14% dos ciclistas passam nervoso. Em relação ao medo de atrasos, 35% dos não ciclistas sofrem com isso e apenas 15% têm esse problema no dia a dia. O desconforto é de 35% contra 14% e, no aspecto da segurança, os números infelizmente são mais parecidos, ainda que mais favoráveis a quem pedala: 60% contra 48%”. Estrutura A região de Pinheiros possui uma crescente rede de canais de deslocamento de bicicletas, que se interligam com outros modais de transporte. Os bicicletários das estações Pinheiros, Faria Lima e Fradique Coutinho do metrô promovem uma nova maneira de se deslocar pela cidade. Assim, os cidadãos que usam a bicicleta como meio de transporte ou lazer também podem utilizar os serviços do metrô e da CPTM. Segundo a ViaQuatro, responsável pela Linha 4 – Amarela, 123 vagas estão disponíveis no bicicletário da Estação Pinheiros, 150 na Estação Butantã e 86 na Fradique Coutinho. “As bicicletas devem ser presas com correntes e cadeados dos próprios usuários, responsáveis também pela guarda das chaves”, informa a empresa. Para ter acesso ao bicicletário, é preciso fazer um cadastramento biométrico e um pré-cadastro com dados pessoais no site da empresa. “Para conclusão e efetivação do cadastro, o ciclista deve ir a um dos bicicletários da Linha 4-Amarela, localizados nas estações Fradique Coutinho, Pinheiros ou Butantã, e apresentar documento original com foto, comprovante de residência e o número de protocolo gerado no pré-cadastro feito pela internet”, finaliza. As bicicletas podem ficar estacionadas por no máximo quatro dias.


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