O presidente argentino, Alberto Fernández, declarou há dois dias que “Os mexicanos vieram dos índios, os brasileiros vieram da selva, mas nós, os argentinos, viemos dos barcos. E eram barcos que vinham da Europa”. A frase, além de lamentável, demonstra absoluta ignorância científica, uma vez que todos nós viemos da selva, na medida em que o homo sapiens surgiu há, aproximadamente 300 mil anos, na África Oriental. Fernández, assim, não faz jus à designação homo sapiens (homem sábio), pois sua afirmação demonstra completo desconhecimento de nossa origem genética. O Projeto Genoma Humano (PGH) teve início em 1990 e foi criado com o objetivo de identificar e fazer o mapeamento dos genes existentes no DNA das células do corpo humano, para a promoção de diagnósticos e tratamento de doenças. O PGH comprovou (e não há pesquisa contrária que o refute) que não existem raças entre os serem humanos, mas uma única: a raça humana, diante das insignificantes diferenças entre as etnias. Portanto, o conceito de raça é meramente cultural e não biológico e, como consequência, a palavra “racismo” entre humanos é imprópria, uma vez que as aparentes diferenças entre os humanos, tais como cor e tipo de cabelo são adaptações biológicas em uma dada geografia (muito sol, pele escura, muita melanina protetiva; pouco sol, pele clara). Assim, Fernández desconhece o Projeto Genoma e se valeu de uma fala típica de alguém atrasado, característica de alguém preconceituoso, pois indígenas, brancos, negros e orientais são seres humanos que integram uma única raça, visto que todos vieram, na origem, da selva africana. Além disto, o Brasil é composto de muitas etnias e entre elas há milhões de europeus e descendentes, assim como na Argentina existem também milhões de descendentes de indígenas. O. Donnini, jornalista e advogado
