03/06/2021 às 23h37min - Atualizada em 03/06/2021 às 23h37min

Consumo de cigarro aumenta na pandemia e preocupa especialistas

Pesquisa indica que hábito foi potencializado pelo estresse e ansiedade decorrentes do isolamento social Os reflexos da pandemia da Covid-19 na saúde mental trazem desdobramentos importantes que vêm sendo apontados em diversos estudos no país e no mundo. Uma pesquisa recente divulgada pela Fiocruz revela que 34% dos fumantes brasileiros aumentaram a quantidade de cigarros consumidos neste período. O estudo indica ainda que os tabagistas entrevistados também apresentam deterioração da qualidade do sono e alegam ter agravados os sintomas de tristeza, irritação e sentimento de solidão. “A nicotina é altamente viciante e, quando associamos a intensificação deste hábito ao aumento do estresse e ansiedade, pode-se potencializar o risco de doenças graves”, explica a especialista. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta com 22 milhões de fumantes. Estima-se, ainda, que mais de 157 mil pessoas morrem todos os anos por doenças associadas ao tabagismo. “Pessoas que fumam ficam doentes com mais frequência em relação aos não fumantes, e o risco aumenta conforme a quantidade de cigarros e o tempo exposto ao vício”, ressalta a Dra. Beatriz, reforçando que o cigarro tem relação direta com o surgimento e o agravamento de diversos tipos de câncer. Como parar de fumar? A preocupação dos especialistas quanto à intensificação do tabagismo vai além da pandemia. “Pelo fato deste aumento estar associado a outros problemas que afetam a saúde mental da população fumante, há um risco de o hábito permanecer no futuro, desencorajando o fumante a reduzir ou a parar completamente”, afirmam os especialistas. Embora difícil, parar de fumar é possível. E, segundo os médicos do São Camilo, são inúmeras as vantagens adquiridas ao longo do processo que podem atuar como importantes motivadores para largar o vício. “O organismo se recupera de maneira surpreendente, em uma melhora progressiva que reduz as chances do adoecimento associado”, reitera a cirurgiã de cabeça e pescoço. Os especialistas descrevem o que muda no corpo quando a pessoa fica longe do cigarro por: 1 dia: os brônquios começam a limpar todos os resíduos deixados pelo fumo nas vias respiratórias, permitindo que os pulmões comecem a funcionar melhor. 3 meses: a função pulmonar melhora em até 30% e também há benefícios para a circulação sanguínea. 1 ano: reduz pela metade o risco de desenvolver doenças cardíacas. 5 anos: o risco de morte por infarto cai consideravelmente e o risco de AVC diminui. 10 anos: diminuem os riscos de câncer de boca, garganta, esôfago, pâncreas, rins e bexiga. 15 anos: o risco de câncer de pulmão torna-se o mesmo das pessoas não fumantes. O pneumologista Dr. Celso Padovesi explica também que o coração do ex-fumante pode ter melhora significativa de função com o avanço dos anos longe do cigarro. “Uma pessoa que deixou de fumar há 15 anos tem os mesmos riscos de sofrer um infarto do que aquelas que nunca fumaram.” Dicas dos especialistas Além de frisar os importantes benefícios conquistados a cada dia sem fumar, os médicos recomendam algumas medidas simples que podem ajudar o fumante a reduzir a quantidade de cigarros e, até mesmo, parar completamente. Confira: 1. Torne o momento de fumar menos confortável Dr. Celso afirma que parte do vício é alimentado pela associação criada no momento do fumo. Por isso, a dica é escolher uma postura e local diferentes, evitando estar relaxado e confortável. 2. Faça pequenas mudanças na rotina Segundo a Dra. Beatriz, novos hábitos podem construir uma relação mais saudável com o corpo, reduzindo a procura pelo vício do cigarro. “O fumante tem costumes rotineiros e tende a fumar sempre nos mesmos momentos do dia, nos mesmos lugares e da mesma forma”, destaca. Assim, a dica da médica é inserir novas atividades na rotina, com ações que mudem o ritmo usual e ocupem a mente. Faça substituições e coloque metas, como exercícios físicos e a progressão desses, sempre sob orientação profissional. Cultive outros hábitos saudáveis, como o consumo moderado de álcool e a redução da ingestão de alimentos industrializados e multiprocessados. “Todo o processo deve ser encarado como a adoção de um novo conjunto de hábitos, visando uma melhor qualidade de vida física e mental e com foco no longo prazo.” 3. Vá aos poucos Embora a decisão de parar de fumar precise ser definitiva, os fumantes que tiveram aumento no número de cigarros podem enfrentar picos de ansiedade e estresse durante essa tentativa. A sugestão dos especialistas é criar um cronograma de redução de cigarros/dia, sempre seguindo as dicas anteriores para ajudar no processo. 4. Atrase o primeiro cigarro Essa dica está relacionada à anterior e pode ser importante para reduzir a quantidade de cigarros. A ideia é adiar o primeiro cigarro do dia em uma hora progressivamente ao longo dos dias. “É importante que a pessoa estabeleça um prazo nesta etapa para que, ao final deste período, consiga parar por completo”. Pneumologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo Dr. Celso Padovesi, Cirurgiã de cabeça e pescoço Dra. Beatriz Cavalheiro Hospital São Camilo @hospitalsaocamilosp


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