08/08/2024 às 20h38min - Atualizada em 08/08/2024 às 20h38min

​Mudança do foco do Parque Villa Lobos provoca problemas para a população

Desde setembro de 2022, os Parques Villa-Lobos e o Candido Portinari estão sob administração da concessionária “Reserva Parques”. A empresa tem realizado inúmeras e grandes atrações nos locais, o que está impactando negativamente os moradores dos bairros vizinhos. Alegam aumento desproporcional no número de visitantes e falta de estrutura adequada, pelos milhares de frequentadores, principalmente aos finais de semana. Após longas interações, a relação da população com a mudança de foco do parque - de ambiente verde para espaço de shows - atingiu um ponto de alta deterioração, que tanto a Sociedade Amigos do Bairro City Boaçava e a SAAP- Ass. dos Amigos do Alto de Pinheiros, além de inúmeros moradores, estão se organizando para tomar medidas judiciais.

Resposta protocolar
Anteriormente procurada pela redação, a administradora emitiu a seguinte resposta ainda em julho: “A gestão do Villa-Lobos intensificou as obras e melhorias no interior do parque, houve instalação de câmeras de segurança; pintura de guias e sarjetas; novos bancos, lixeiras, serviços de alimentação, entre outras melhorias. Com relação às eventuais reclamações citadas pela reportagem, em relação à limpeza e manejo nas áreas verdes, não há demandas recentes sobre os temas. Vale lembrar que 66% dos resíduos gerados mensalmente no parque são encaminhados à destinação correta como compostagem e reciclagem. Já os eventos contam com equipes exclusivas de limpeza e gestão dos resíduos. As áreas são vistoriadas e controladas pelos técnicos do parque de modo a não impactar a visitação regular no Villa-Lobos.” Ou seja, sobre o excesso de shows, barulho com os vizinhos e ausência de estacionamento, nada declararam.

Seguem reclamações da população
“Prezados, estive no Villa Lobos este final de semana. Bastante usuários e nenhum agente de segurança e/ou orientação no parque. Isto permitiu o uso de bicicletas em locais proibidos, vendas de produtos não autorizados e um risco potencial para o público. De acordo com o segurança que controla exclusivamente o portão de entrada, a empresa que cuidava da segurança interna do parque deixou de prestar o serviço e não foi contratada até o momento outra para prestar este serviço. Gostaria de enfatizar o potencial risco a todos e todas, uma vez que o Parque Villa Lobos chega a receber mais de 50 mil visitantes por dia, ainda mais com a agenda de shows e eventos que acontece neste momento.” I.H.

“Estamos fiscalizando até agora. O problema é que os parques estão em obras e foram suprimidas muitas vagas. Seria interessante que o Conselho do Parque questionasse o ‘Reserva Parques’ quanto a realização de obras concomitantemente ao funcionamento do ‘Cirque du Solei’l e da ‘Time Brasil’ (Fanfest das Olimpíadas).” Mensagem da CET.

“Um verdadeiro horror. Inacreditável o que está se passando. Não possuem estrutura nenhuma para suportar todos esses eventos, nem estacionamento adequado. Não fizeram nenhum estudo de impacto do entorno. Fora a altura do som, que está totalmente fora dos padrões.”

Mudança de foco prejudica
A Gazeta de Pinheiros entrevistou Sergio Giannini morador da região e que faz parte da Sociedade Amigos do Bairro City Boaçava, sobre a relação das entidades civis, que não tem a mesma força que os integrantes do Governo do Estado, que detém 50% dos representantes e compõe a grande maioria com a administração do parque e que está aprovando os grandes eventos e de certa forma beneficiando a concessionária ‘Reserva Parques’ e prejudicando os moradores vizinhos. Giannini afirma que a administração está nos seus direitos e que a relação das partes - associações, governo e parque - é razoavelmente harmoniosa, mas isso não muda o fato de que a utilização do local como está, prejudica muito a população. 

Nunca o parque foi tão ‘explorado’
“A diferença é entre o que foi proposto e o que é executado. Há muitos anos existe um Conselho Consultivo onde a sociedade participa, como as nossas associações. São regularmente eleitos a cada dois anos. Representamos a sociedade neste conselho. O edital transferiu a gestão por 30 anos para a iniciativa privada. Essa gestão busca fazer receita para cumprir as despesas operacionais, mas também explora comercialmente o parque como nunca foi feito.”

Não há estrutura
“O parque, enquanto concepção se foi e hoje é um local de grandes eventos, para cobrir essas receitas. Isso interfere no entorno, no bairro, porque não há estrutura para isso. Um exemplo é cobrar por estacionamento, o que dirige motoristas para estacionar nas ruas do bairro, provocando transtornos. Além disso, produzir eventos musicais gera ruídos muito acima do aceitável para um bairro residencial, que já existia muito antes do parque. Anos atrás já houve uma ação civil contra a secretaria então responsável.”

Não existe fiscalização
“Essa ação resultou em um acordo entre as partes dizendo que o parque não deveria permitir mais de 10 mil pessoas nem ultrapassar o limite sonoro para bairros residenciais. Não existe fiscalização pública adequada para limitar o que a concessionária faz hoje. O parque não oferece nenhum resultado positivo.” 

Parque sofre exploração além do limite
“O parque vem sendo apenas explorado, pois o prazo de 3 anos para investimento de infraestrutura começa apenas agora. Não estão preocupados com isso, e sim em explorar o parque. Para a população não houve melhora, apenas piora, porque a população não teve nenhum benefício e o parque ainda é explorado de uma forma que perturba as pessoas. Relação com Secretaria do Verde, conselhos e concessionária é bastante harmoniosa, até amistosa. Porém, a maneira como o parque está sendo conduzido em relação ao seu projeto original deixa muito a desejar.”

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