20/10/2022 às 23h22min - Atualizada em 20/10/2022 às 23h22min

​Degradação do Largo da Batata mostra alterações no projeto original e falta de zeladoria. Arquiteto sugere alterações

A população continua apontando abandono e falta de atenção do poder público na zeladoria do Largo da Batata. Por seu vez, o arquiteto autor do projeto e vencedor da reconversão, o urbanista Tito Lívio, não esconde a frustração sobre as diferenças das obras em relação a sua ideia concebida no papel . Já o arquiteto e urbanista Nadir Mezerani  explica que conhece este espaço em diferentes fases, pois é morador de  Pinheiros há seis décadas. “Dele, nada sobrou das edificações históricas, nem Igreja, ‘Mercado dos Caipiras’, nem mesmo a icônica ‘Estrada da Boiada’, caminho que uniu a cidade ao interior do Estado, teve seu nome preservado. Há grande insatisfação pública com o resultado das obras. Qualquer proposta de qualificação do espaço, somente terá eficiência com a separação, em desníveis, entre o Largo da Batata e a Av. Faria Lima”, concluiu.
A experiência e soluções
Entrevistado esta semana pelo Grupo 1 de Jornais – Gazeta de Pinheiros, o arquiteto Nadir Mezerani explica. “Muitos governantes desde a década de 60, conduzem obras significativas de infraestrutura urbanísticas na região. Alargaram o leito viário da Avenida Faria Lima e, após abandoná-lo, retomaram as obras no sentido oeste da cidade, do Largo da Batata em direção a Avenida Pedroso de Morais. O Largo  foi contemplado com a’ Estação Faria Lima’ da ‘Linha Amarela do Metrô’. Há grande insatisfação pública com o resultado das obras do Largo da Batata. Também há que se comentar as exíguas embocaduras da estação do metrô, obras executadas juntas. Para completar é nítida a ineficiência da ‘Operação Urbana Faria Lima’, nas diretrizes urbanísticas da moldura do Largo, espaço privado, que ainda se compõe com grandes e novos edifícios nitidamente cegos à integração de urbanidade pretendida. Sinto o simbólico Largo da Batata como espaço a ser analisado à renovação integrada, mesmo que resultem obras de maior porte, mas indispensáveis para sua requalificação”.
Qualificação com a separação em desníveis entre o Largo e a Faria Lima
Nadir comenta que o mais pertinente para se obter um espaço perceptivo como ambiente do aconchego, ao se unificar seus poucos decifráveis recortes, ao olhar e eficientes ao objeto da urbanidade. E explica:
“1-Qualquer proposta de qualificação do espaço, agora, somente terá eficiência com a separação, em desníveis, entre o Largo da Batata e a Av. Faria Lima. O piso a ser elevado assim, poderá conter benéfica iluminação de holofotes nele embutidos”;
“2- Para a melhor integração de ambos, propõe-se um grande deck para lazer à cavaleira dos ambientes do entorno. Plataforma metálica e piso em madeira, pouco elevada em relação ao Largo sobre o eixo da avenida, assim permitindo o desnível necessário no espaço e obras do metrô. Espaço será ‘solto do solo’, sem vedações laterais liberados à amplitude visual geral do Largo. Deck livre e suspenso. Sob esta plataforma, deve-se prever acessos integrados intermodais, com inegáveis atendimentos de normas de inclusão social e pontos de infraestrutura, como sanitários, segurança e primeiros socorros.O piso atual, se possivel, deverá ser reaproveitável”;
3-“Ainda com foco na menor interferência de veículos aos usuários da praça, recomendo o realinhamento da Rua Paes Leme até a Rua Butantã, anulando o nocivo trecho em curva executado. União a ser feita diretamente com piso em paralelepípedo, em nível com a praça, exigindo menor velocidade dos veículos. Boa parte do assentamento do novo piso de placas, deverá ser assentado sobre areia, pela eficiencia da infiltração drenante no solo;
4-“Vejo que o paisagismo, até pela amostra de uso a que a praça vem se prestando, deve ser reformulado. Não vejo nenhuma eficiência ambiental, em plantações de arbustivas. A unidade dos espaços entre si ‘alienados’ da praça, também deve ser atingida com plantação de única espécie de árvores já desenvolvidas de grande porte, troncos com no mínimo 1 metro de diâmetro (lembro que em 1968, o então prefeito Faria Lima, deslocou as enormes árvores da Av. Rebouças, aproximadamente 10 metros, cortando o topo de seus troncos e as replantando alinhadas). O piso contornante em rampa , da praça, será em concreto armado, não escorregadio.  As placas ficarão acomodadas dentro desta moldura para não se deteriorarem com possíveis acessos de veículos”;
5-“Redesenho de equipamentos públicos de lazer a exemplo de: bancos de madeira, lixeiras suspensas do solo com segregação de tipos de lixo, sem nenhum contorno em relação às árvores. O deck plano será pouco elevado da parte mais alta da praça. Na outra ficara mais alta”;
6-“Elaborar sistema de iluminação e luminotécnica novos, atendendo os objetivos da praça remodelada
7-“Quanto ao piso da praça, considero indispensável seu recobrimento total, para sua elevação de nível. Um novo piso deverá estar à cavaleira do nível das sarjetas, elevado à 30 cm, com assentamento de placas maiores de concreto em pré-moldado armado. Esta proposta viabilizará um piso do largo elevado um pouco acima do nível do asfalto. Nos contornos da praça, as guias assim serão eliminadas para criar rampa contornando o concreto, entre a sarjeta até o piso interno em placas. A praça ficará mais alta que o asfalto, até melhorando sua drenagem por ocasião de chuvas“;
8-“Para configurar ainda melhor urbanidade entre  espaços, públicos e privados,  é urgente que exigências legais integrem novos embasamentos de prédios permitindo o uso fluido do espaço interno com o externo
Os comentários, sugestões e conceitos desenhados, aqui expressos, são uma contribuição pessoal e profissional que gostaria de compartilhar com o amigo Tito Livio, que também sente seu trabalho desvirtuado pelo poder público, fartamente defendido pela Gazeta de Pinheiros.

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