19/05/2022 às 22h12min - Atualizada em 19/05/2022 às 22h12min

Melancolia no mês das noivas

Rogério Candotti | [email protected] | blogdorogerinho.wordpress.com

Melancolia (2011) faz parte da trilogia da depressão de Lars Von Triers, sucedida por Anticristo e Ninfomaníaca. O prólogo em câmera lenta do cineasta, dá lugar a um suntuoso casamento, organizado com o intuito de agradar o chefe da noiva, Jack (Stellan Skarsgård). A foto de capa foi inspirada no suicídio da noiva do Príncipe Hamlet, Ofélia, levada como um corpo morto pela correnteza de um riacho com seu buquê nas mãos sobre o peito. Essa pressão intensa sobre os ombros de Justine (Kirsten Dunst) provoca nela uma sufocante depressão que respinga na mãe Gaby (Charlotte Rampling), análogo a alma presa ao corpo físico aspirando liberdade. Em oposição a irmã mais velha, Claire (Charlotte Gainsbourg) e o marido materialista, John (Kiefer Sutherland), responsáveis tanto pela organização do evento quanto pela administração da imensa fortuna da família. O nome da protagonista foi inspirado na obra literária do Marquês de Sade, Justine: ou os tormentos da virtude, acompanhado do “Prelúdio de Amor e Morte”, da ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner. Ocorre que um planeta errante entra na rota de colisão com a Terra, invertendo os papéis daquela hierarquia familiar. Enquanto Claire e o marido niilista enlouquecem subitamente com a possibilidade de perder toda a sua fortuna, Justine, sem marido e emprego, banhada pelo brilho do viajante planeta azul (blue: melancolia em inglês), torna-se serena de uma hora pra outra, e sem nada a perder, passa a cuidar do sobrinho pequeno. A depressão está frequentemente associada a dois sentimentos básicos: tristeza e culpa degenerada em remorso (Dr. Wilson Ayub Lopes). Essa ideia fixa, sem arrependimento algum, exclui a possibilidade de reparação. 
Uma das missões mais trabalhosas da vida é a Missão Madrinha de Casamento (2011), atribuída a Annie (Kristen Wiig) e a sua rival perfeccionista, Helen (Rose Byrne). Enquanto Annie propõe um casamento simplório á sua melhor amiga de infância, Lillian (Maya Rudolph), a enciumada Helen impõe um grandioso evento sofisticado, de modo a impressionar os convidados da noiva, semelhante à caríssima festa de casamento no castelo medieval, visto em Melancolia. Após ser revelada na aclamada série Gilmore Girls e ganhar o Emmy em Mike & Molly, Melissa McCarthy foi indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, basicamente pela cena dela passando mal no banheiro ao lado das outras madrinhas, após comerem muito numa churrascaria brasileira. 
Três anos após O Diabo Veste Prada, Sandra Bullock encarna Miranda Priestly, ou melhor, Margaret Tate, enquanto Ryan Reynolds interpreta o seu braço direito, Andrew, ao invés de Andrea. Em A Proposta (2009), disponível no Star Plus, a megera é canadense e para não ser deportada após ter violado os termos do seu visto de trabalho, a empresária terá de casar urgentemente com o seu subordinado, um americano nato que tanto humilhou, e ainda passar um fim de semana com a família dele em Sitka, no Alasca, “pois todo o que se exaltar será humilhado, e o que se humilhar será exaltado.“ Os dois que não se suportam naquele ambiente de trabalho estressante em Nova York, formarão um casal apaixonado, acima de qualquer suspeita, de modo a enganar a família do noivo e o exigente agente de imigração, provocando situações criativas e inusitadas, como por exemplo, a cena da águia erguendo o cachorrinho pelas garras afiadas. 
Na comédia nacional, Loucas Pra Casar (2014), disponível no Telecine, Malu (Ingrid Guimarães) tem 40 anos e há dois anos parece ter encontrado o homem da sua vida, Samuel (Márcio Garcia) que coincidentemente é também o seu chefe. Enquanto o pedido de casamento não sai, a secretária tenta agradá-lo da melhor maneira possível, sendo uma Dama na sociedade, uma Chef na cozinha e uma Prostituta na cama. Justamente os atributos fundamentais das amantes secretas do namorado: a dançarina de boate Lúcia (Suzana Pires) e a fanática religiosa com um pé na cozinha, Maria (Tatá Werneck). Samuel é o símbolo do homem ideal em busca da mulher perfeita, dividida em três.      
Cartas para Julieta (2010) é um mural repleto de cartas de amor em homenagem à heroína shakespeariana onde um grupo de voluntários faz questão de responder a todos os pedidos, dando alguma esperança àqueles corações partidos. Na trama, a jovem noiva Sophie (Amanda Seyfried) encontra uma carta escrita em 1957 que ainda foi respondida. Após respondê-la, a checadora de fatos da revista semanal The New Yorker, torna-se amiga da autora da carta, Claire (Vanessa Redgrave) e resolve procurar o amado pretendente, cinquenta anos depois. O último filme do falecido diretor Gary Winick, disponível na Netflix e no Prime Vídeo, se destaca mesmo pelas paisagens encantadoras da região da Toscana. As principais locações foram as províncias de Verona, Siena e o Lago Garda, principalmente Val D'Orcia, onde a maioria das cenas foram rodadas. A região italiana, famosa pelos Pinus, é um cenário corriqueiro das grandes obras cinematográficas, com destaque à Hannibal, Gladiador, Só Você, A Melhor Juventude, A Vida é Bela, As Idades do Amor, Beleza Roubada, Irmão Sol, Irmã Lua, Chá com Mussolini, 8 e 1/2, O Paciente Inglês, Sob o Sol da Toscana, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge e os shakespearianos: Romeu e Julieta de 1954 e 1968, Muito Barulho por Nada e Sonho de uma Noite de Verão. 

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.