11/11/2021 às 23h00min - Atualizada em 11/11/2021 às 23h00min

​ACREDITE: Cetesb autoriza corte de dezenas de árvores no Morumbi e mais um ’piscinão’ a céu aberto

Em uma metrópole com poucas áreas verdes, é imprescindível o cuidado com a vegetação. Moradores do Morumbi denunciam a derrubada de dezenas de árvores em um espaço próximo ao Estádio do Morumbi. A área em questão era um verdadeiro bosque com mudas plantadas pela comunidade, há mais de vinte anos. “Um suposto crime contra o meio ambiente, mesmo legalizado”, afirmam. Questionada, a Sabesp, responsável pela obra, afirma que haverá compensação ambiental e que o espaço abrigará uma Unidade Recuperadora da Qualidade (UR) da água do córrego Antonico. Mas além de acabar com mais uma área verde da região, a preocupação dos moradores é quanto ao processo duvidoso e superado de “tratamento por flotação” de piscinões a céu aberto, com odores de esgoto, por toda a valorizada região residencial do centro do bairro. Associações e órgãos que representam a sociedade organizada já iniciaram reuniões em protesto, pela falta de informações do poder público, já que no momento as árvores estão sendo transformadas em serragem, não deixando resíduos das grandes raízes do local.  Para melhorar o sistema hídrico da região é necessário a supressão de uma área verde e a implantação de um suposto ‘piscinão’?

Moradores locais trazem depoimentos 
“A CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – que é uma agência do Governo do Estado responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição, encarregada da preservação e recuperação na qualidade das águas, do ar e do solo, está fazendo exatamente o contrário de sua função principal, visto que cortou na última semana aproximadamente 100 árvores de médio e grande porte, situadas na praça defronte o Estádio do Morumbi, mais precisamente na Rua Corgie Assad Abdalla. Com isso, a agência destinada à melhoria do ar contribui para a sua piora, em flagrante violação à Lei 9.605/98, que trata dos crimes ambientais. A Sabesp também participa do Programa Novo Rio Pinheiros. As imagens da destruição da área verde causaram revolta e indignação da população, pois as árvores foram plantadas há 15 anos, muitas delas frondosas. O que fazer? Aguardar mais 20 anos até que novas árvores sejam plantadas em outro local? Os responsáveis por esse ato, possivelmente criminoso, devem ser investigados e processados”. C.T.
“Há mais de vinte anos iniciamos uma campanha de áreas verdes junto à antiga Administração Regional do Butantã, onde o administrador Fiore Walace Vita e a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, cederam centenas de mudas de árvores típicas de nossas praças. Fizemos então junto com o poder público, a criação de um verdadeiro bosque em uma área degradada, onde só existia asfalto e estacionamento para os frequentadores do estádio. Agora, estamos diante da supressão de  dezenas de árvores, muitas frondosas e teremos que esperar mais vinte anos para a ‘compensação ambiental’. Mais uma derrota do meio ambiente.” I.L.

Sabesp responde
A Sabesp informa que obra é parte do Programa Novo Rio Pinheiros, que vai despoluir o rio até o fim de 2022. “Neste local será instalada uma Unidade Recuperadora da Qualidade (UR) da água do córrego Antonico. Essa UR captará a água poluída do córrego, fará o tratamento dessa água e a devolverá despoluída ao leito do córrego, para que siga até o córrego Pirajussara e depois até o Rio Pinheiros. Para a implantação da Unidade, foi destinada a área em frente ao Estádio e foi necessária a retirada da vegetação existente. O licenciamento obtido junto à Cetesb prevê ações que compensarão a implantação do empreendimento.”

Associações protestam
“Até o momento, todos as associações e órgãos que representam a sociedade organizada, desconhecem o projeto que alí será implantado. Nem Cetesb, nem Sabesp e até nem mesmo a Subprefeitura, apresentaram o esboço do plano previsto para  o local.Trata-se de uma unidade recuperadora.  Não se trata de uma unidade de tratamento, mas sim de flotação, que é um processo químico de aglutinação da sujeira (processo semelhante ao da limpeza de uma piscina).  Essa é uma área de recuperação ambiental da USP -  Universidade São Paulo, onde havia vegetação  existente em razão da compensação ambiental de outras obras. Um processo bastante precário, de uma tentativa de limpeza do Rio Pinheiros, sem a devida  coleta dos seus afluentes, e também sem fazer a interceptação nos córregos onde o esgoto é despejado.  No caso do córrego Antonico,  o que observamos é o seguinte:  ele chega apodrecido no córrego Pirajussara, com todo o esgoto de moradores de Paraisópolis em seu leito, e segue para o Rio Pinheiros. É interceptado  com essa estação de recuperação por flotação, para fazer um processo de clareamento da água, que sequer é um processo real de tratamento. Então, é um processo duvidoso, que já foi feito por governos anteriores, sem nenhum sucesso e muito gasto.” A.A.

Despoluição e compensação ambiental  
A Sabesp ressalta que esta obra é importante para alcançar o objetivo do programa, que é a despoluição do Rio Pinheiros. “A meta até o fim de 2022 é reduzir o esgoto lançado em seus afluentes, melhorar a qualidade das águas e integrá-lo à vida na cidade. A implantação das URs é uma inovação do programa para melhorar a qualidade da água de alguns córregos. A compensação ambiental estabelecida foi o plantio de 3.005 mudas de espécies nativas, incluindo o plantio interno na própria área da unidade de 212 mudas nativas (o mesmo número de espécies que foram suprimidas e, por restrições de área, não é possível plantar um número maior). O plantio interno na área da UR é de responsabilidade da Sabesp e será iniciado assim que as obras acabarem.”

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