28/10/2021 às 22h32min - Atualizada em 28/10/2021 às 22h32min

​Agora é a vez da invasão pelas construtoras na rua Virgílio de Carvalho Pinto e seu viaduto

Moradores temem perder sua praça e local de lazer junto ao viaduto da Rua Teodoro Sampaio
Preocupados com a verticalização, moradores de Pinheiros e Vila Madalena buscam diminuir os índices permitidos de construção no bairro. Pela proximidade do centro e fácil acesso, além de amplo comércio, a zona oeste é muito procurada, o que gera especulação imobiliária e a substituição de casas por edifícios. A invasão das construtoras atingem agora a rua Virgílio de Carvalho Pinto e seu viaduto junto à rua Teodoro Sampaio. O Plano Diretor deveria evitar o crescimento desordenado, mas é o inverso com a aprovação indiscriminada e simultânea de centenas de obras de ‘arranha-céu’ na região. Comunidade reclama e a AMOLVI-Associação de Moradores e Lojistas da Rua Dr. Virgilio, esclarece alguns pontos obscuros, visto que seria mais um empreendimento indesejado pelos moradores.

Edificação na Virgílio também preocupa moradores

“Vocês sabiam que a rua sem saída na Virgílio de Carvalho Pinto, a pracinha, escadaria, Projeto Cívico poderão desaparecer? Uma construtora ‘conseguiu’ autorização para erguer um edifício ali. Não dá para se calar!” M.P.

“#sanaydesenvolvimentoimobiliario: moradores da Rua Virgílio de Carvalho Pinto buscam realizar contato há mais de um mês através de email e telefone e não obtem retorno. Querem entrar em contato para uma diálogo de vizinhança”

“Literalmente estão permitindo que acabem com o bairro!” M.L.A.N.

“Está de brincadeira... que absurdo!” R.B.

“É muito triste.” C.P.

“Não precisamos de mais prédios. Já temos dificuldades com energia, água, gás e continuam a aprovar novos empreendimentos, onde todos sofreremos em breve por esse absurdo.” S.S.A.

“Ficamos pensando que esse projeto tem que ser espetacular: porque a janela de algum lugar vai dar no viaduto da Teodoro, no estilo Minhocão. E em contrapartida o que vão entregar ao bairro por retirar esse local de convivência?” M.P.

AMOLVI conversa com os responsáveis
A Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais conversou com Suely Inês Leite, representante da AMOLVI - Associação de Moradores e Lojistas da Rua Dr. Virgilio De Carvalho Pinto, sobre a situação no local.
Indagada sobre as obras, a representante informou que, segundo reunião ocorrida no último dia 26 com a diretoria da AMOLVI e representantes da empresa demolidora CRO e ROCONTEC, “os imóveis localizados na Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426 e Rua Teodoro Sampaio números 1563 a 1605 já estão sendo demolidos para um futuro empreendimento, cujo projeto ainda não foi concluído e nem aprovado pela Prefeitura”. As obras de demolição, porém, já foram devidamente autorizadas. “Sobre a escadaria e a praça não serão tomados pelo empreendimento. Isso é ‘fake news’. Durante a demolição a empresa fará uma proteção para segurança dos transeuntes na escadaria e nas calçadas. Mas seria mais um empreendimento indesejado pelos moradores, visto que nosso quarteirão já tem 9 edifícios com 505 apartamentos e 901 garagens, além de ser uma obra anexa à escadaria de acesso à Teodoro Sampaio e à pracinha que tem sido um ponto de encontro de moradores e trabalhadores da rua”, comenta Suely.  Ainda não há empresa contratada para construção segundo relatos da reunião. “O contato foi amistoso e se colocaram à disposição para quaisquer dúvidas ou solucionar problemas que surgirem”, informa.
A Associação tem se colocado aos lados dos moradores nesse diálogo. “Uma parcela dos moradores estão preocupados sim com mais um empreendimento na rua, bem como esta diretoria. A AMOLVI tem se mobilizado contra, tendo inclusive promovido um abaixo-assinado entre os moradores e lojistas, o qual foi entregue a alguns vereadores, à Secretaria Municipal de Urbanoização e Licenciamento-SMUL e ao Prefeito Ricardo Nunes”, finaliza.

Prefeitura afirma que espaço não consta no alvará
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), informa que consta em análise na Coordenadoria de Parcelamento do Solo e Habitação de Interesse Social (PARHIS) processo de Alvará para Aprovação de Edificação Nova para a Rua Dr. Virgílio de Carvalho, Sampaio, nº 426, na região da Subprefeitura de Pinheiros. O projeto apresentado ao Município não abrange a escadaria e o espaço ajardinado citados pela reportagem. Trata-se de áreas públicas, sem processo de alienação até o momento.  Em 03 de setembro, a SMUL emitiu à empresa Sanay 80 Empreendimento Imobiliária, responsável pelo projeto edilício, um Alvará de Execução de Demolição para a Rua Dr. Virgílio de Carvalho Sampaio, nº 426”.

Região da Rebouças também traz preocupação
“Há um ano eu e minha esposa nos mudamos para Pinheiros, na rua Pedroso de Morais. Não houve uma única noite, com raríssimas exceções, onde conseguimos dormir bem. A construção da ‘Viewco’, na esquina da Pedroso com a Rebouças, funciona 24hs por dia. Não há lei para as construtoras; o PSIU só funciona para festa, a polícia nunca apareceu quando chamamos e a prefeitura é conivente. É urgente que novos limites e horários sejam instituídos, assim como contrapartidas para Pinheiros. Os moradores precisam se unir, porque só nós podemos dar um fim a isso.” E.L           

Moradores locais comentam o processo de verticalização da Vila Madalena
“No coração da Vila Madalena: Olhem a proporção do edifício Alto na Rua Harmonia em relação às casas que ainda resistem ao impacto dessas transformações causadas pelos Eixos de Transformação Urbana do PDE 2014.” I.M.

“O balcão de negócios da prefeitura não se importa em como as pessoas viverão. ” D.B.A.

“Tiram o sol das ruas e vizinhança, impactam no trânsito, e durante uns 30 meses as pessoas tem que conviver com transtornos. Edificar ok, mas 34 andares é lasca!” M.O.

“A famosa ocupação predadora…Monstrengo horrendo que justificará outros e, portanto, a destruição do bairro. J.C.

“Verticalização deve ser feita em avenidas com grande acesso a transporte público, não dentro dos bairros. Fora que interferem na paisagem e acabam com com a vida do quarteirão, com seus muros altos..”A.G.

“Acabam com o bairro. Comprovadamente acabaram com a Vila.” S.A.A.

“Ninguém envolvido em discutir isso seriamente é ingênuo de achar que dá para congelar uma cidade no tempo. Prédios podem e devem ser construídos. A forma como isso é decidido e discutido é que é a questão.” S.Z.

“Já pensaram no saneamento básico? Onde tinham 10 casas, com uma media de 5 pessoas por casa (50 pessoas), o espaço dá lugar para quase 350 famílias, com uma media de 4/5 pessoas. E o esgoto, energia, água e gás, pois a infraestrutura do bairro continua a mesma...” C.M.

Prefeitura afirma que PD evita o crescimento desordenado
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), informa que a atual Lei de Zoneamento e o Plano Diretor incentivam o desenvolvimento da cidade de acordo com os princípios urbanísticos contemporâneos, evitando o crescimento desordenado, preservando a qualidade urbana e ambiental e a dinâmica de vida nos miolos dos bairros.
Tanto o Plano Diretor Estratégico (Lei nº 16.050/2014), quanto a Lei de Zoneamento (Lei nº 16.402/2016), redefiniram os coeficientes de aproveitamento, gabaritos (altura das edificações) e demais parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo por toda a cidade de São Paulo, com o objetivo de ordenar o crescimento imobiliário do município nas zonas de estruturação urbana (ZEU) e preservar as características de zonas estritamente residenciais (ZER) e zonas mistas (ZM).
Para a Subprefeitura de Pinheiros, onde está situada o bairro da Vila Madalena, não foi diferente. Por ser uma área com diversas zonas de uso, a altura e densidade construtiva das edificações variam. No caso da região onde está situada a Estação Vila Madalena do Metrô trata-se de uma Zona de Estruturação Urbana (ZEU), área que, de acordo com a Lei de Zoneamento, está apta a receber o adensamento construtivo e populacional em função da presença do transporte público coletivo de média e alta capacidade.

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