15/02/2019 às 13h55min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h53min

Finalmente ‘Projeto Caminhar Pinheiros’ termina e não deve continuar prejudicando a região

Hoje (15) deverão ser removidos os mobiliários urbanos (caixotes e plantas com gosto duvidoso do ‘decorador’) e as pinturas que sinalizavam a presença do ‘Projeto Caminhar Pinheiros’, que invadiu a Rua dos Pinheiros, prejudicou todo o trânsito da área e foi muito criticado pela comunidade (a maioria dos leitores da Gazeta de Pinheiros, que se manifestaram sobre o assunto, não aprovaram a inciativa). Segundo informa a Prefeitura, o prazo de testes encerrou e após o Carnaval algumas conclusões devem ser analisadas. Agora os pinheirenses esperam que haja uma consulta mais ampla e verdadeira e que não seja implantado nada no bairro de forma impositiva e arbitrária, com intuito de ‘agradar’ políticos, patrocinadores ou alguns restaurantes e bares privilegiados. Audiência Pública teve baixa adesão dos moradores Para ouvir a população e apresentar os resultados dos estudos feitos ao longo dos últimos meses sobre o Projeto, a Subprefeitura de Pinheiros realizou, com baixa presença de público, no último dia 7, uma Audiência Pública, que contou com a presença do Subprefeito recém nomeado João Grande e do vereador Police Neto, um dos mentores da polêmica iniciativa. Como os avisos da audiência foram feitos na “última hora”, pois donos de restaurantes afirmaram que foram avisados às 17h do mesmo dia e a grande maioria nunca ficou sabendo da reunião, pouco mais de 20 pessoas participaram do debate, entre moradores, comerciantes e integrantes de associações do bairro onde puderam acompanhar a apresentação de um balanço do projeto e opinaram sobre a intervenção temporária na Rua dos Pinheiros. Os organizadores do projeto responderam dúvidas, ouviram críticas, sugestões e elogios. Balanço e pesquisas Representantes do poder púbico apresentaram os resultados de pesquisas que apontavam melhoria no tráfego de pedestres pela rua. Nas esquinas da Rua dos Pinheiros com as ruas Cônego Eugênio Leite e Joaquim Antunes, o espaço de travessia entre as calçadas foi reduzido. De outro lado houve uma piora sensível no trânsito em toda a via, reclamação dos motoristas, comerciantes e da comunidade, pois além de afunilar a passagem de veículos, os ‘valets’ interrompiam totalmente a via em todos os horários do dia, provocando ‘buzinaço’ e grande engarrafamento. Projeto não deve continuar A população, entretanto, questionou a utilização dos espaços pelo comércio, que foram beneficiados em detrimento de outros. João Grande afirmou que o projeto ligado à mobilidade também traz questões sociais. Por isso, pretende ouvir mais a população sobre o tema, fazer novos estudos, mas afirma que, de princípio, a interrupção da movimentada rua, nestes moldes, não deve continuar. Assim, o espaço das vagas de Zona Azul será novamente colocado à disposição para a finalidade de estacionamento rotativo.   Segundo Monica Lauber, moradora que esteve presente no evento, a ênfase foi, o tempo todo, no pedestre, utilizando o estatuto deste para todas as justificativas, assim como a violência do trânsito na cidade hoje. “Apesar da presidente do ‘Coletivo Pinheiros’ dizer que a esquina da Joaquim Antunes com Pinheiros é extremamente perigosa e que ela mesma já quase foi atropelada, apresentaram uma estatística do último ano de apenas 1 (um) atropelamento no local e que, depois da implantação a esquina está muito mais segura”. A afirmação foi contestada pelo morador do bairro Péricles, que disse ter foto de atropelamento na esquina no dia 14 de janeiro. “Trata-se de um projeto piloto, que será suspenso a partir do dia 15. Foi oportuna a realização do encontro para ouvir sugestões, críticas e elogios à ação. É importante para nós sabermos não só o que os organizadores avaliam, mas o que todos os envolvidos pensam sobre o tema”, concluiu João Grande, reafirmando novamente à Gazeta de Pinheiros que o ‘Caminhar Pinheiros’ não deve continuar nos moldes originais e outras alternativas deverão ser realizadas para atender melhor a comunidade. Velocidade máxima de 40 km/h Após o Carnaval, mas ainda sem data definida, a Prefeitura informa que será implantada a velocidade máxima de 40 km/h em toda a Rua dos Pinheiros. Nesse período será feita a adequação da sinalização e dos radares pela CET. Além disso, serão adotadas pinturas definitivas e serão instalados balizadores nas esquinas da Joaquim Antunes e Cônego Eugênio Leite. A moradora Mônica disse que “algumas poucas pessoas falaram, sempre contra o projeto, sendo refutados todos os argumentos dos moradores em prol de segurança do pedestre, embelezamento da região e mudança de paradigmas”. "A cidade tem que ser do pedestre e não dos carros" era a justificativa apontada por eles, conforme afirmou a moradora. Leitores da Gazeta contestam pesquisa Desde o início do projeto, a Gazeta de Pinheiros, pelo seu site, redes sociais e e-mails, recebeu centenas de manifestações sobre o assunto e publicou em sua edição impressa e on-line dezenas delas, onde concluiu que a maioria dos leitores, moradores verdadeiros do bairro, foram e são contra o ‘Caminhar Pinheiros’ (as mensagens são assinadas, muitas com fotos dos autores via Facebook Gazeta e os e-mails reconhecidos, dando total credibilidade às publicações). Ele foi reprovado pela maioria dos pedestres e da população. Críticas várias como “Está infernal andar na rua dos Pinheiros...”, “ Este projeto é só para boteco...”, “A Prefeitura está de brincadeira...”, “Moro a poucos metros dessas faixinhas inúteis...”, “Transito ruim, não se anda...”, mostram o descontentamento de todos. Segundo Maria Silvia Rondi Froio, “o trânsito continua muito ruim. De manhã, não se anda!”. Fabio Miloco afirma que “quem tem que trabalhar fora do bairro, como a grande maioria dos moradores, está enfrentando grande dificuldade de circulação na Rua dos Pinheiros e nas vias coletoras”. Silvana Forelli comenta que “os manobristas dos valets param os carros no meio da rua e ficamos com uma faixa para atravessar de carro”. Marta Catarina afirma: “a calçada da Rua dos Pinheiros atende o pedestre muito bem e sem necessidade nenhuma de colocar o pedestre em risco numa faixa no mesmo nível dos carros e tomada de plantas e caixotes pra sentar e apoiar bebida. O convívio era muito pacífico e ordenado até a Prefeitura se mancomunar com os botecos e decidir privatizar informalmente o espaço público para os amigos”, afirma. Zé Maria Pereira, do Restaurante ‘ Tasca do Zé e da Maria’ viu o número de frequentadores diminuir: “Hoje o movimento caiu. Para mim, prejudicou. Os clientes que levavam 5 minutos da Faria Lima até aqui, agora demoram 25”. E Felipe Moraes argumenta que “só tem bancos de madeira em frente aos estabelecimentos. Caminhar ali é simplesmente impossível”. Por sua vez, em janeiro, organizadores do ‘Projeto Caminhar’ divulgaram uma suposta pesquisa coordenada pela Iniciativa Bloomberg para a Segurança Global no Trânsito, que indicou que a intervenção teve a aprovação da maioria dos ‘pedestres entrevistados’ na região. Entre as pessoas consultadas, 88,3% gostaria que a intervenção se tornasse permanente, ante 11,7% contrários. Dentre os entrevistados durante a intervenção, 40% mora no bairro, 50% trabalha ou estuda na região e 30% estava apenas de passagem. Dos moradores consultados, 80% é a favor de sua permanência. Novamente a moradora Mônica Lauber afirmou que questionou “a respeito dos números da pesquisa, já que os moradores foram a menor parte consultada”. “O vereador Police Neto não explicou, ninguém explicou, apesar de dizerem que estão ‘muito preocupados com a questão’", complementa.


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