13/11/2020 às 22h41min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h21min

Situação dos mananciais piora na Zona Sul com invasão em todas as áreas protegidas

De acordo com denúncias, cresce o desmatamento de áreas ambientais em São Paulo. O tema motivou um extenso e completo relatório produzido para a Câmara de Vereadores. Porém, a situação não foi sanada e continua a invasão de moradias irregulares no que resta da Mata Atlântica. CPI negada na Câmara O vereador Gilberto Natalini pediu a instalação de uma CPI para investigar a devastação sistemática da Mata Atlântica na Cidade. Não foi atendido. O dossiê traz depoimentos de 52 testemunhas sigilosas – homens e mulheres, a maioria moradora das regiões devastadas no extremo da Zona Sul. Juntas, essas pessoas citaram, direta ou indiretamente, 75 suspeitos de cometer crimes ambientais e outras ilegalidades, como crimes de corrupção. Bairros clandestinos De acordo com as informações fornecidas, se as “organizações” que derrubam a Mata Atlântica em São Paulo para pôr no lugar bairros clandestinos continuarem livres para agir, temperaturas elevadas e poluição atmosférica substituirão árvores, e esgotos a céu aberto e águas contaminadas tomarão os cursos de água, córregos e do que ainda resta de água limpa que chega às Represas da Guarapiranga e Billings. Milhares de nascentes que abastecem as duas represas vão desaparecer. A Gazeta de Pinheiros – Grupo 1 de Jornais conversou com o vereador Gilberto Natalini sobre o tema. Gazeta de Pinheiros - O senhor coordenou um estudo sobre a questão dos mananciais em São Paulo. Qual foi o resultado deste trabalho? Gilberto Natalini - Apresentei duas edições do dossiê “A Devastação da Mata Atlântica”, o último com 160 áreas invadidas criminosamente.  O documento aponta a derrubada sistemática de centenas de milhares de árvores em São Paulo. Em consequência do desmatamento, consolida-se uma ameaça concreta ao abastecimento de água de cerca de 5 milhões de habitantes que dependem de duas represas situadas na zona sul de São Paulo. Com a redução da Mata Atlântica em curso, já ocorreu o aterramento e a extinção de centenas de nascentes que levavam água pura a esses dois reservatórios. O futuro é incerto. O dossiê foi encaminhado ao Governador  e ao Prefeito de São Paulo, além de dezenas de outras autoridades municipais, estaduais e federais. No entanto, até o momento nenhuma medida concreta foi tomada. Com isso, preparamos o dossiê em inglês e encaminhamos a Governos, ONGs e Personalidades Internacionais, foram mais de 600 contatos. Mas até o momento nenhuma atitude foi tomada por parte dos órgãos competentes. O documento retrata o gravíssimo problema socioambiental de São Paulo. Ao todo, 7,2 milhões de metros quadrados de Mata Atlântica foram destruídos nos últimos seis anos. Responsáveis pelas derrubadas, organizações criminosas implantam loteamentos clandestinos em áreas de proteção ambiental e os vendem ilegalmente, sem que as autoridades locais consigam impedir as transações irregulares. Com a construção de moradias precárias em pequenos lotes, a água pura das nascentes deixa de correr para as represas. Em seu lugar, os cursos de água passam a levar esgotos e a contaminar os reservatórios de abastecimento da população. O dossiê possui 454 páginas e quase 700 imagens de satélite, drone e das áreas de proteção ambiental devastadas recentemente. Se nada for feito, nossos estudos estimam que mais 8,5 milhões de metros quadrados de Mata Atlântica vão ser destruídos na cidade, nos próximos anos. Como se verifica no documento, os problemas ambientais no Brasil vão muito além do desmatamento da Floresta Amazônica. GP - O senhor tem acompanhado a questão? Que atitudes percebeu terem sido encaminhadas até agora? GN - Tenho acompanhado de perto, depois do lançamento da 2ª edição voltei diversas vezes aos locais e o desmatamento só aumenta. Nenhuma atitude por parte dos órgãos competentes foi tomada. GP - Os resultados deste estudo estão há meses disponíveis para o Executivo. Por que atitudes mais rigorosas não foram tomadas para evitar o aumento no número de derrubadas? GN - A Prefeitura e o Governo do Estado fecharam os olhos e estão deixando derrubar o remanescente de Mata Atlântica da nossa cidade. Precisavam retomar com urgência a operação Defesa das Águas unindo vários órgãos municipais e estaduais e aí sim ir para cima dessa aberração. Mas infelizmente não é isso que está acontecendo. GP - É possível retomar as áreas destruídas? GN - Possível é, mas isso levaria anos. O que foi derrubado precisa sim ser replantado, mas o mais urgente agora é cessar a derrubada criminosa da nossa mata. Secretaria afirma que fiscaliza De acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, neste ano, de janeiro a outubro, a Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade da SIMA computou 186 autuações aplicadas Polícia Militar Ambiental relativas à vegetação nas Áreas de Proteção e Recuperação de Mananciais localizadas em São Paulo. Também foram registrados 994 Termos de Vistoria Ambiental (TVA) nestas áreas. O monitoramento é feito por imagens de satélite e rondas presenciais, com reforço de 152 novas viaturas, 295 tablets, além de 18 drones que, a partir de 2019, incrementaram a fiscalização. Os agentes também atendem denúncias registradas pela população via telefone, aplicativo de celular e site. As ações consistem em vistorias em campo, além de providências administrativas e criminais. A SIMA ressalta que respondeu ao vereador, em reunião presencial, no fim de 2019, sobre as ações que vêm sendo executadas para coibir o desmatamento, as áreas fiscalizadas, bem como os locais com informações insuficientes no dossiê para que fosse realizada a vistoria. As denúncias podem ser encaminhas pelo celular (Aplicativo Denúncia Ambiente, disponível para  Android  e  IOS); pelo site (http://denuncia.sigam.sp.gov.br/) e por telefone (Contate a unidade do Policiamento Ambiental mais próxima no site  http://www3.policiamilitar.sp.gov.br/unidades/cpamb/localize.html).


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://gazetadepinheiros.com.br/.