31/07/2020 às 21h27min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h26min

Esquecido pela Prefeitura, Parque Alfredo Volpi ainda aguarda apoio da iniciativa privada

Um dos resquícios de Mata Atlântica preservada na cidade, o Parque Alfredo Volpi, chamado também de "Parque do Morumbi”, serve de alternativa para passeios e prática esportiva na região. Desde 2018, o local não conta mais com auxílio financeiro da iniciativa privada para manutenção e a Prefeitura, através da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, sempre alega falta de verbas e praticamente “esqueceu” esta nobre área verde e nada faz de melhorias. A área se tornou municipal graças à reivindicação da comunidade e da campanha do Grupo 1 de Jornais – Jornal do Butantã – Morumbi News e Gazeta de Pinheiros, liderada pela então professora Vera Ferraz Donnini, frequentadora assídua do local e que lutou bravamente e com sucesso para a área se tornar pública.   Secretaria não tem objetivos e nada consegue há dois anos A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), informa que está buscando parceria para manutenção e zeladoria do Parque semelhante à realizada, de forma bem sucedida, com a Rede D'Or em 2018. Enquanto isso, os serviços de vigilância, manejo e zeladoria dos parques continuam sendo executados sem nenhuma seriedade ou de forma objetiva. Veja o caso dos abandonados sanitários, as pistas de caminhada e o “parquinho” sem nenhuma conservação decente.   Termo de Cooperação De acordo com a Prefeitura, o parque dispunha de um Termo de Cooperação, encerrado em maio de 2018 por desinteresse do cooperante na renovação. A SVMA informa que tem estimulado a participação de empresas nos equipamentos por meio do programa Empresa Amiga do Parque, que permite o apoio de uma ou mais marcas em um mesmo espaço interessadas em pontos específicos do espaço. Mas será que há seriedade nesta afirmação? Dois anos e ninguém se interessa? A SVMA está mesmo procurando um parceiro para área tão nobre e de grande visualização?   Melhorias urgentes Dentre as principais melhorias possíveis estão doações diversas de bens e serviços, como reformas em geral (elétrica, hidráulica, paisagismo), projetos (microdrenagem, jardim de chuva, tratamento de efluentes, captação de energia solar), comunicação (projeto e implantação de comunicação visual), e serviços de consultoria, entre outros.   Histórico Localizado na entrada do bairro do Morumbi, o parque fazia parte de grande fazenda no século XIX, com o plantio de chá. A área foi dividida, dando origem a várias chácaras. Com o desenvolvimento imobiliário, em 1940, o sucesso de vendas do Jardim América valorizou o bairro e a Companhia Imobiliária Morumby decidiu comercializar os lotes da fazenda. Os futuros compradores, no entanto, deveriam concordar com a regra de não criar áreas comerciais ou edifícios no local. A região passou a ser habitada por famílias de alto poder aquisitivo, e o bairro tornou-se diferenciado com a construção do Estádio do Morumbi, em 1952. A região abriga também o Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo Paulista.   Luta da comunidade e do Grupo 1 de Jornais não deixou “lotear” o parque Em mais um trabalho nos anos 70/80, incessante da comunidade da região com o apoio irrestrito do Grupo1 de Jormais – Jornal do Butantã – Gazeta de Pinheiros e Morumbi News, o parque se tornou área municipal, pois negociatas supostamente duvidosas “mostravam” que grandes construtoras já tinham projetos de permuta com a Prefeitura e queriam transformar toda área em condomínios verticais. A “briga” foi intensa, mas prevaleceu a força da população com a imprensa regional.   Área verde nobre Trilhas rústicas são usadas para corridas, caminhadas e contemplação pelo meio da mata, permitindo visualizar nascentes e lagos. Há aparelhos de ginástica (barras e pranchas), inclusive em versões de baixo impacto, além de playground, praças de piquenique com mesas e bancos, estacionamento, sanitários com acessibilidade e paraciclo. O parque oferece acessibilidade nos banheiros, apesar de precisarem de reformas e playground.   Alfredo Volpi Seu nome atual (Alfredo Volpi) é uma homenagem a Alfredo Foguebecca Volpi (1896-1988), nascido em Lucca, Itália, no dia 14 de abril de 1896. Foi um dos mais conceituados pintores brasileiros, destacando-se na Segunda Geração da Arte Moderna Brasileira. Suas pinturas são caracterizadas por casarios e bandeirinhas coloridas.   Projeto paisagístico Visando à preservação de uma área remanescente de Mata Atlântica do Planalto Paulista, o projeto paisagístico, de 1966, tem por base a proposta apresentada por Rosa Grena Kliass, com colaboração do arquiteto Carlos Welker e do botânico Helmut Shlik, responsável pelo levantamento florístico da área. O projeto aproveitou as clareiras naturais do local para implantação dos setores de recreação infantil. O local é ponto de coleta de lixo eletrônico (e-lixo) e óleo comestível.   Fauna e flora preservadas Há registro de 107 espécies de fauna, em sua maioria aves, com destaque para algumas endêmicas de Mata Atlântica, como tucano-de-bico-verde, capitão-de-saíra, saíra-ferrugem e cigarra-bambu, além de registros ocasionais de anambé-branco-de-rabo-preto, em rápida escala no parque. Pica-paus, sanhaços e saíras (traupídeos) e papa-moscas/tiranídeos (pássaros da família do bem-te-vi) estão bastante diversificados – maior número de espécies. É possível se observar também irerês, socó-dorminhoco, garça-branca, martins-pescadores, carão e algumas aves de rapina, como gavião-peneira, gavião-carijó, corujinha-do-mato e caracará. Constam também peixes (carpa), rãzinha-do-folhiço, lagarto “papa-vento”, bicho-preguiça e saguis.  
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